sábado, 10 de março de 2007

III Domingo da Quaresma:

Sabemos que a Quaresma insiste frequentemente no valor da conversão. Hoje, a liturgia da palavra vai dizer-nos que a conversão é urgente e que não devemos por isso deixá-la para amanhã. O amor compassivo e misericordioso de Deus deve levar-nos a viver então com uma grande densidade e fecundidade espiritual. Longe de nós sermos como a figueira estéril. Temos de responder devidamente aos dons e ao carinho que recebemos de Deus. Com verdadeiros sentimentos e desejos de conversão, vamos começar a nossa celebração, cantando com alegria.

1ª Leitura: Ex 3, 1-8a. 13-15:
A primeira leitura fala-nos do Deus que não suporta as injustiças e as arbitrariedades e que está sempre presente naqueles que lutam pela libertação. É esse Deus libertador que exige de nós uma luta permanente contra tudo aquilo que nos escraviza e que impede a manifestação da vida plena. A leitura recolhe um dos encontros pessoais e surpreendentes de Deus com Moisés. Deus vai ter com ele, diz-lhe que não consente por mais tempo a opressão dos Faraós sobre o seu povo e pede-lhe a sua colaboração para tirar este da escravidão.

2ª Leitura: 1 Cor 10, 1-6.10-12:
A segunda leitura avisa-nos que o cumprimento de ritos externos e vazios não é importante; o que é importante é a adesão verdadeira a Deus, a vontade de aceitar a sua proposta de salvação e de viver com Ele numa comunhão íntima.

Evangelho: Lc 13, 1-9:
O Evangelho contém um convite a uma transformação radical da existência, a uma mudança de mentalidade, a um re-centrar a vida de forma que Deus e os seus valores passem a ser a nossa prioridade fundamental. Se isso não acontecer, diz Jesus, a nossa vida será cada vez mais controlada pelo egoísmo que leva à morte.

Para viver durante a semana:
“Convertei-vos!” Sim, mas eu não roubei, nem matei, levo uma vida honesta… Porque deveria eu converter-me? Precisamente, Cristo quer que sejamos diferentes das pessoas que não têm nada a apontar… Um monge do Oriente compara o crente a uma casa. Se sou um baptizado, não somente generoso mas sem compromisso, então dou a Cristo a chave da porta das traseiras e ele entra na minha casa como íntimo, como Ele quer. Se eu O deixar entrar pela porta da frente, quando outros estão na casa, então ficaremos pelos gestos de delicadeza e pelas conversas de rotina. As questões mais directas tornar-se-ão impossíveis. É à porta das traseiras que Cristo vem bater. Sobretudo durante os quarenta dias da Quaresma… Ouvimos a advertência de que a nossa vida não pode dissipar-se esterilmente. Exortou-se-nos a uma vida vigilante, que seja um autêntico acto de culto através da nossa conduta diária, embora conscientes da nossa fragilidade. Agora, regressamos à nossa vida para mostrarmos o que vale a nossa vocação. Tal como a Moisés, também Deus nos envia e nos acompanha… Será que cada um de nós tem a certeza disto?

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