sexta-feira, 28 de setembro de 2007

XXVI Domingo do Tempo Comum:

Mais uma vez nos reunimos aqui para partilharmos a celebração da fé, dispostos a continuar o seguimento do caminho que Jesus traçou para cada um de nós.
Pode ser que a menagem de hoje nos volte a parecer exigente, principalmente se temos um coração tíbio. No domingo passado ouvimos dizer: não podeis servir a dois senhores; não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Hoje, por meio de uma parábola, Jesus vai falar-nos dos dois extremos da vida: do justo e do injusto, do nobre e do ordinário, do humano e do desumano.
Assim, a liturgia deste domingo propõe-nos, de novo, a reflexão sobre a nossa relação com os bens deste mundo… Convida-nos a vê-los, não como algo que nos pertence de forma exclusiva, mas como dons que Deus colocou nas nossas mãos, para que os administremos e partilhemos, com gratuidade e amor.

1ª Leitura: Am 6, 1a.4-7:
Na primeira leitura, o profeta Amós denuncia violentamente uma classe dirigente ociosa, que vive no luxo à custa da exploração dos pobres e que não se preocupa minimamente com o sofrimento e a miséria dos humildes. O profeta anuncia que Deus não vai pactuar com esta situação, pois este sistema de egoísmo e injustiça não tem nada a ver com o projecto que Deus sonhou para os homens e para o mundo. Numa linguagem sugestiva, o profeta evoca os encantos de uma vida fácil. Mas adverte-nos que são prazeres enganadores. Não encontra a felicidade quem a procura longe de Deus.

2ª Leitura: 1 Tim 6, 11-16:
A segunda leitura não apresenta uma relação directa com o tema deste domingo… Traça o perfil do “homem de Deus”: deve ser alguém que ama os irmãos, que é paciente, que é brando, que é justo e que transmite fielmente a proposta de Jesus. Poderíamos, também, acrescentar que é alguém que não vive para si, mas que vive para partilhar tudo o que é e que tem com os irmãos? Ser cristão é optar definitivamente por Cristo. E por isso São Paulo exorta Timóteo e através dele a todos nós, a sermos fiéis a essa fé, com persistência e coragem, guiados pelo exemplo de Cristo e apoiados na sua força.

Evangelho: Lc 16, 19-31:
O Evangelho apresenta-nos, através da parábola do rico e do pobre Lázaro, uma catequese sobre a posse dos bens… Na perspectiva de Lucas, a riqueza é sempre um pecado, pois supõe a apropriação, em benefício próprio, de dons de Deus que se destinam a todos os homens… Por isso, o rico é condenado e Lázaro recompensado. Nesta parábola Jesus retoma o tema da primeira leitura e faz-nos sentir o perigo do demasiado apego às coisas materiais, que podem levar-nos ao esquecimento dos sofrimentos alheios e consequentemente de Deus.

Para viver durante a semana:
E nós hoje? As palavras de Amós atingem sem compaixão aqueles que não se preocupam com o desastre de Israel. Lucas põe em cena um homem rico fechado no luxo, que não tem mesmo qualquer olhar para o pobre Lázaro que está à sua porta. E nós hoje? Ricos ou não, diante de todos os desastres do mundo, temos um olhar diferente para com todos os “Lázaros” da nossa sociedade ou ficamo-nos por um simples relance no ecrã da televisão? Ouvimos os golpes discretos à nossa porta? Ou serão somente cães a dar-lhes assistência?

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

XXV Domingo do Tempo Comum

A liturgia da palavra deste domingo sugere-nos, hoje, uma reflexão sobre o lugar que o dinheiro e os outros bens materiais devem assumir na nossa vida. De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, os discípulos de Jesus devem evitar que a ganância ou o desejo imoderado do lucro manipulem as suas vidas e condicionem as suas opções; em contrapartida, são convidados a procurar os valores do “Reino”.

1ª Leitura: Am 8, 4-7:
Na primeira leitura, o profeta Amós denuncia os comerciantes sem escrúpulos, preocupados em ampliar sempre mais as suas riquezas, que apenas pensam em explorar a miséria e o sofrimento dos pobres. Amós avisa: Deus não está do lado de quem, por causa da obsessão do lucro, escraviza os irmãos. A exploração e a injustiça não passam em claro aos olhos de Deus.

2ª Leitura: 1 Tim 2, 1-8:
Na segunda leitura, o autor da Primeira Carta a Timóteo convida os crentes a fazerem do seu diálogo com Deus uma oração universal, onde caibam as preocupações e as angústias de todos os nossos irmãos, sem excepção. O tema não se liga, directamente, com a questão da riqueza (que é o tema fundamental da liturgia deste domingo); mas o convite a não ficar fechado em si próprio e a preocupar-se com as dores e esperanças de todos os irmãos, situa-nos no mesmo campo: o discípulo é convidado a sair do seu egoísmo para assumir os valores duradouros do amor, da partilha, da fraternidade.

Evangelho: Lc 16, 1-13:
O Evangelho apresenta a parábola do administrador astuto. Nela, Jesus oferece aos discípulos o exemplo de um homem que percebeu como os bens deste mundo eram caducos e precários e que os usou para assegurar valores mais duradouros e consistentes… Jesus avisa os seus discípulos para fazerem o mesmo.

Para viver durante a semana:
Deus ou o Dinheiro? Amós e Lucas convidam-nos a um sério exame de consciência sobre a nossa maneira de praticar a justiça social e de utilizar o dinheiro. Quantos pobres, hoje no mundo, são explorados com meia dúzia de euros por alguns que enriquecem sobre a sua miséria? Não acusemos ninguém! Nesta semana, retomemos estes textos para fazer o ponto da situação em toda a verdade. A que mestre estamos amarrados: a Deus ou ao Dinheiro?

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

XXIV Domingo do Tempo Comum:

A liturgia deste domingo centra a nossa reflexão na lógica do amor de Deus. Assim, o tema central deste vigésimo quarto Domingo do Tempo Comum, é o perdão dos pecados e a imensa alegria que tal acontecimento suscita em Deus que nos perdoa e em nós que somos perdoados por Ele. Sugere que Deus ama o homem, infinita e incondicionalmente; e que nem o pecado nos afasta desse amor…

1ª Leitura: Ex 32, 7-11.13-14:
A primeira leitura apresenta-nos a atitude misericordiosa de Jahwéh face à infidelidade do Povo. Neste episódio – situado no Sinai, no espaço geográfico da aliança – Deus assume uma atitude que se vai repetir vezes sem conta ao longo da história da salvação: deixa que o amor se sobreponha à vontade de punir o pecador.

2ª Leitura: 1 Tim 1, 12-17:
Na segunda leitura, Paulo recorda algo que nunca deixou de o espantar: o amor de Deus manifestado em Jesus Cristo. Esse amor derrama-se incondicionalmente sobre os pecadores, transforma-os e torna-os pessoas novas. Paulo é um exemplo concreto dessa lógica de Deus; por isso, não deixará de testemunhar o amor de Deus e de lhe agradecer.

Evangelho: Lc 15, 1-32:
O Evangelho apresenta-nos o Deus que ama todos os homens e que, de forma especial, se preocupa com os pecadores, com os excluídos, com os marginalizados. A parábola do “filho pródigo”, em especial, apresenta Deus como um pai que espera ansiosamente o regresso do filho rebelde, que o abraça quando o avista, que o faz reentrar em sua casa e que faz uma grande festa para celebrar o reencontro.

Para viver durante a semana:
Entrar na alegria do nosso Pai… No Evangelho de hoje, Lucas oferece-nos três parábolas para nos falar da Misericórdia de Deus nosso Pai: a ovelha perdida, a moeda perdida, o filho pródigo. Ser beneficiários deste perdão pleno de amor do nosso Pai é o desejo de todos nós. Mas não nos acontece, tal como o filho mais velho, considerar que alguns dos nossos irmãos são imperdoáveis e, por vezes, acolher com cólera sanções da justiça que nos parecem demasiado clementes? Vamos recusar entrar na alegria do nosso Pai, que se compraz a conceder a sua graça?

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

XXIII Domingo do Tempo Comum:

A liturgia deste domingo convida-nos a tomar consciência de quanto é exigente o caminho do “Reino”. Optar pelo “Reino” não é escolher um caminho de facilidade, mas sim aceitar percorrer um caminho de renúncia e de dom da vida. Hoje pede-se-nos que deixemos tudo o que nos impeça de o seguirmos. Viver à sua maneira não é uma graça barata. Rezemos então para que o Espírito Santo nos ajude a ser verdadeiros seguidores de Jesus.

1ª Leitura: Sab 9, 13-19:
A primeira leitura lembra a todos aqueles que não conseguem decidir-se pelo “Reino” que só em Deus é possível encontrar a verdadeira felicidade e o sentido da vida. Há, portanto, aí, um encorajamento implícito a aderir ao “Reino”: embora exigente, é um caminho que leva à felicidade plena. Quem poderá conhecer os desígnios de Deus? Quem poderá conhecer as suas intenções? Só pela sabedoria, o Espírito de Jesus Cristo, poderemos aprender o que agrada a Deus e assim seremos salvos.

2ª Leitura: Flm 9b-10. 12-17:
A segunda leitura recorda que o amor é o valor fundamental, para todos os que aceitam a dinâmica do “Reino”; só ele permite descobrir a igualdade de todos os homens, filhos do mesmo Pai e irmãos em Cristo. Aceitar viver na lógica do “Reino” é reconhecer em cada homem um irmão e agir em consequência.

Evangelho: Lc 14, 25-33:
Para orientarmos a nossa vida devemos reflectir sobre as estruturas em que ela assenta. É preciso carregar cada um a sua própria cruz, sempre que ela se lhe apresente. E se formos chamados a dar a vida pró Cristo fazê-lo com alegria, pois não basta sermos baptizados. É então, sobretudo, o Evangelho que traça as coordenadas do “caminho do discípulo”: é um caminho em que o “Reino” deve ter a primazia sobre as pessoas que amamos, sobre os nossos bens, sobre os nossos próprios interesses e esquemas pessoais. Quem tomar contacto com esta proposta tem de pensar seriamente se a quer acolher, se tem forças para a acolher… Jesus não admite meios-termos: ou se aceita o “Reino” e se embarca nessa aventura a tempo inteiro e “a fundo perdido”, ou não vale a pena começar algo que não vai levar a lado nenhum (porque não é um caminho que se percorra com hesitações e com “meias tintas”).

Para viver durante a semana:
Como O seguimos? No caminho, grandes multidões à procura de Jesus, com interesses muito variados! Era ontem! E nós, hoje, como o seguimos? Como um líder político? Uma estrela da canção? Um ídolo do futebol? “Jesus voltou-Se”, indicando claramente os desafios. Tornar-se seu discípulo é uma questão de preferência absoluta, num caminho que passa pela cruz.