sábado, 29 de dezembro de 2007

Santa Maria Mãe de Deus

A liturgia dedica o primeiro dia do ano civil a Maria, celebrando a sua prerrogativa única e o seu título essencial de Mãe de Deus. A Igreja quer assim com esta solenidade, não apenas colocar o novo ano, com as suas interrogações, cuidados e problemas, sob a protecção maternal de Maria, mas também lembrar-nos a importância da missão que ela desempenha na história da Salvação, como Mãe do Salvador.
Neste dia, a liturgia coloca-nos diante de evocações diversas, ainda que todas importantes.
Celebra-se, em primeiro lugar, a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus: somos convidados a contemplar a figura de Maria, aquela mulher que, com o seu “sim” ao projecto de Deus, nos ofereceu Jesus, o nosso libertador.
Celebra-se, em segundo lugar, o Dia Mundial da Paz: em 1968, o Papa Paulo VI propôs aos homens de boa vontade que, neste dia, se rezasse pela paz no mundo.
Celebra-se, finalmente, o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama, que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em plenitude.
As leituras que hoje nos são propostas exploram, portanto, estas diversas coordenadas. Elas evocam esta multiplicidade de temas e de celebrações.

1ª Leitura: Num 6, 22-27:
Na primeira leitura, sublinha-se a dimensão da presença contínua de Deus na nossa caminhada e recorda-se que a sua bênção nos proporciona a vida em plenitude.

2ª Leitura: Gal 4, 4-7:
Na segunda leitura, a liturgia evoca, outra vez, o amor de Deus, que enviou o seu Filho ao encontro dos homens para os libertar da escravidão da Lei e para os tornar seus “filhos”. É nessa situação privilegiada de “filhos” livres e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-lhe “abbá” (“papá”).

Evangelho: Lc 2, 16-21:
O Evangelho mostra como a chegada do projecto libertador de Deus (que se tornou realidade plena no nosso mundo através de Jesus) provoca alegria e felicidade naqueles que não têm outra possibilidade de acesso à salvação: os pobres e os marginalizados. Convida-nos, também, a louvar a Deus pelo seu amor e a testemunhar o desígnio libertador de Deus no meio dos homens.
Maria, a mulher que proporcionou o nosso encontro com Jesus, é o modelo do crente que é sensível aos projectos de Deus, que sabe ler os seus sinais na história, que aceita acolher a proposta de Deus no coração e que colabora com Deus na concretização do projecto divino de salvação para o mundo.

Para viver durante a semana:
Ao terminarmos esta celebração, peçamos ao senhor que mantenha vivo em nós o desejo de construir a paz: convivendo com todos e respeitando cada um como irmão, filho de Deus; aceitando as diferenças que aparentemente nos separam; perdoando uma palavra ou uma atitude que nos magoou; ajudando os que erram a reconhecerem o seu erro, em vez de os censurar. Ao longo desta ano, em cada dia, Senhor, fazei-nos instrumentos da vossa paz.

Sagrada Família de Jesus, Maria e José

Hoje a Igreja celebra a festa da Sagrada Família. Esta festividade na oitava do Natal, mostra-nos como Jesus quis manifestar-se-nos no seio de uma família. Uma maneira natural. Todos nós temos uma família e é nela que nascemos, crescemos e nos desenvolvemos. Lá bebemos a educação e seguimos também os exemplos que nos derem.
A família é assim a escola e o templo onde mais coisas aprendemos e onde o espírito do Evangelho, de amor, de unidade, tem mais possibilidade de ser vivido e transmitido.
As leituras deste domingo complementam-se ao apresentar as duas coordenadas fundamentais a partir das quais se deve construir a família cristã: o amor a Deus e o amor aos outros, sobretudo a esses que estão mais perto de nós – os pais e demais familiares.

1ª Leitura: Sir 3, 3-7.14-17a:
A primeira leitura apresenta, de forma muito prática, algumas atitudes que os filhos devem ter para com os pais. É uma forma de concretizar esse amor de que fala a segunda leitura.

2ª Leitura: Col 3, 12-21:
A segunda leitura sublinha a dimensão do amor que deve brotar dos gestos de todos os que vivem “em Cristo” e aceitaram ser Homem Novo. Esse amor deve atingir, de forma mais especial, todos os que connosco partilham o espaço familiar e deve traduzir-se em determinadas atitudes de compreensão, de bondade, de respeito, de partilha, de serviço.

Evangelho: Lc 2, 41-52:
O Evangelho sublinha, sobretudo, a dimensão do amor a Deus: o projecto de Deus tem de ser a prioridade de qualquer cristão, a exigência fundamental, a que todas as outras se devem submeter. A família cristã constrói-se no respeito absoluto pelo projecto que Deus tem para cada pessoa.

Para viver durante a semana:
No final do Evangelho, Lucas diz que “Maria guardava todos estes acontecimentos no seu coração”. Noutra passagem, Jesus diz que aquele que está na boa terra é o que escuta a palavra com um coração leal e bom, a guarda no coração e produz frutos… Esta palavra de Jesus aplica-se à sua mãe. Voltamos para as nossas famílias. Serão santas, se o nosso coração, como o de Maria, for leal e bom; se, como Maria, guardarmos a Palavra de Jesus; se, com a mesma perseverança de Maria, produzirmos frutos para a maior glória de Deus. É uma semana importante, com a passagem de ano (embora o verdadeiro início de ano para os cristãos seja o 1º Domingo do Advento!), a Festa da Mãe de Deus e o Dia Mundial da Paz. Que a Palavra de Deus seja companhia e luz para os nossos corações, nas nossas famílias, no nosso mundo. Façamos por isso…Sempre em conversão… Viver verdadeiramente o “espírito de família” e o amor fraterno não é fácil: é preciso converter-se continuamente… Esta semana, procuremos ir ao encontro de alguma pessoa com quem não temos tido grande relacionamento fraterno. Não é fácil, mas é o apelo de Deus…

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Natal do Senhor

Os primeiros cristãos viram em Jesus a Luz que os orientava. Ele próprio simbolizou o amanhecer de uma nova era. Por isso, o Natal Cristão é, antes de mais, um símbolo. Nele celebramos o gesto amoroso de Deus Se fazer como um de nós e nos salvar a partir de dentro. Celebrar o Natal é então acolhermos a Jesus Cristo como o Verdadeiro Salvador.
A liturgia deste dia convida-nos a contemplar o amor de Deus, manifestado na incarnação de Jesus… Ele é a “Palavra” que se fez pessoa e veio habitar no meio de nós, a fim de nos oferecer a vida em plenitude e nos elevar à dignidade de “filhos de Deus”.

1ª Leitura: Is 52, 7-10:
A primeira leitura anuncia a chegada do Deus libertador. Ele é o rei que traz a paz e a salvação, proporcionando ao seu Povo uma era de felicidade sem fim. O profeta convida, pois, a substituir a tristeza pela alegria, o desalento pela esperança.

2ª Leitura: Heb 1, 1-6:
A segunda leitura apresenta, em traços largos, o plano salvador de Deus. Insiste, sobretudo, que esse projecto alcança o seu ponto mais alto com o envio de Jesus, a “Palavra” de Deus que os homens devem escutar e acolher.

Evangelho: Jo 1, 1-18:
O Evangelho desenvolve o tema esboçado na segunda leitura e apresenta a “Palavra” viva de Deus, tornada pessoa em Jesus. Sugere que a missão do Filho/”Palavra” é completar a criação primeira, eliminando tudo aquilo que se opõe à vida e criando condições para que nasça o Homem Novo, o homem da vida em plenitude, o homem que vive uma relação filial com Deus.

Para viver durante a semana:
Mensageiros! Múltiplas mensagens atravessam o nosso espaço continuamente, portadoras de notícias de todo o género, que se perdem muitas vezes nas ilusões da comunicação. Discípulos de Cristo, somos mensageiros da sua Boa Nova para o mundo. Em que redes nos situamos para permitir que esta Boa Nova se espalhe a toda a terra?

IV Domingo do Advento

Estamos praticamente às portas do Natal cristão. O outro natal, o comercial e consumista, há já semanas que nos rodeia. Confrontados com pontos de vista tão divergentes, nós, cristãos, à hora de interpretar o Natal, temos de ser defensores e intérpretes dos valores solidários. Sem amor partilhado e generoso, o Natal é pobre, indigno e vergonhoso. Se alguma coisa especial possui o Natal, é precisamente a aproximação e a comunhão íntimas para o bem-estar e felicidade de toda a gente. Que a alegria partilhada seja entre nós uma realidade.
A liturgia deste domingo diz-nos, fundamentalmente, que Jesus é o “Deus-connosco”, que veio ao encontro dos homens para lhes oferecer uma proposta de salvação e de vida nova

1ª Leitura: Is 7, 10-14:
Na primeira leitura, o profeta Isaías anuncia que Jahwéh é o Deus que não abandona o seu Povo e que quer percorrer, de mãos dadas com ele, o caminho da história… É n’Ele (e não nas sempre falíveis seguranças humanas) que devemos colocar a nossa esperança.

2ª Leitura: Rm 1, 1-7:
Na segunda leitura, sugere-se que, do encontro com Jesus, deve resultar o testemunho: tendo recebido a Boa Nova da salvação, os seguidores de Jesus devem levá-la a todos os homens e fazer com que ela se torne uma realidade libertadora em todos os tempos e lugares.

Evangelho: Mt 1, 18-24:
O Evangelho apresenta Jesus como a incarnação viva desse “Deus connosco”, que vem ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação. Contém, naturalmente, um convite implícito a acolher de braços abertos a proposta que Ele traz e a deixar-se transformar por ela.

Para viver durante a semana:
Sinais! Deus está sempre a dar-nos sinais, mas nós procuramos sempre do lado do extraordinário. Raramente Deus está no extraordinário. O sinal que Ele nos oferece é o de uma família humana, como as nossas, em que Ele se faz corpo para ser «Deus connosco». Que espaço Lhe abrimos nas nossas vidas de homens e de mulheres para que o Sinal da sua Presença e do seu Amor seja lisível para todos os que O procuram hoje?Só com o coração aberto a Deus poderemos acolher os irmãos… Só deixando que Deus seja Natal nas nossas vidas poderemos ser Natal para os outros…Nem mais! Mãos à obra em mais uma semana que Deus nos concede, a semana do Natal!

sábado, 15 de dezembro de 2007

III Domingo do Advento

Perceber a proximidade do Natal significa acolher Jesus no nosso interior, abrindo-lhe as portas de par em par. Significa reconhecer a sua presença divina nos símbolos e sinais que nos Dizem que Ele é Aquele que devia vir como verdadeiro Salvador e orientador da História.
A liturgia deste domingo lembra a proximidade da intervenção libertadora de Deus e acende a esperança no coração dos crentes. Diz-nos: “não vos inquieteis; alegrai-vos, pois a libertação está a chegar”.
Vamos assim celebrar em comunidade a nossa fé, partilhando sentimentos e inquietações, interrogando-nos desde o mais profundo do nosso ser, como o faz hoje o evangelho, pois todos nós decerto que sabemos que interrogar-nos é bom e é ao mesmo tempo saudável.

1ª Leitura: Is 35, 1-6ª.10:
A primeira leitura anuncia a chegada de Deus, para dar vida nova ao seu Povo, para o libertar e para o conduzir – num cenário de alegria e de festa – para a Terra da liberdade.

2ª Leitura: Tg 5, 7-10:

A segunda leitura convida-nos a não deixar que o desespero nos envolva enquanto esperamos e a aguardarmos a vinda do Senhor com paciência e confiança.

Evangelho: Mt 11, 2-11:
O Evangelho descreve-nos, de forma bem sugestiva, a acção de Jesus, o Messias (esse mesmo que esperamos neste Advento): Ele irá dar vista aos cegos, fazer com que os coxos recuperem o movimento, curar os leprosos, fazer com que os surdos ouçam, ressuscitar os mortos, anunciar aos pobres que o “Reino” da justiça e da paz chegou. É este quadro de vida nova e de esperança que Jesus nos vai oferecer.

Para viver durante a semana:
Paciência! Uma palavra em total sentido contrário aos nossos comportamentos: exigimos tudo, imediatamente! Dois milénios em que esperamos a vinda do Senhor! Ainda não veio! Mas já está! Renovemos, reajustemos o nosso olhar de fé e redescubramo-l’O bem presente, e em acção, em lugares em que tantas vezes não esperávamos encontrá-l’O! Sempre em atitude de alegria e de esperança!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

II Domingo do Advento

O Advento, este tempo litúrgico tão relacionado com a iniciativa de Deus no sentido de todos chegarmos ao conhecimento da verdade e à salvação, vai avançando. O Advento é então dom e esperança. Por parte de Deus existe o empenho de colocar a nossa vida em estado de expectativa. Ninguém, como Ele, pode acalentar a nossa esperança. Unidos na fé, cantemos a Deus que nos ama e nos abençoa na pessoa de Jesus Cristo. A liturgia deste domingo convida-nos a despir esses valores efémeros e egoístas a que, às vezes, damos uma importância excessiva e a realizar uma revolução da nossa mentalidade, de forma a que os valores fundamentais que marcam a nossa vida sejam os valores do “Reino”.

1ª Leitura: Is 11, 1-10:
Na primeira leitura, o profeta Isaías apresenta um enviado de Jahwéh, da descendência de David, sobre quem repousa a plenitude do Espírito de Deus; a sua missão será construir um reino de justiça e de paz sem fim, de onde estarão definitivamente banidas as divisões, as desarmonias, os conflitos.

2ª Leitura: Rom 15, 4-9:
A segunda leitura dirige-se àqueles que receberam de Jesus a proposta do “Reino”: sendo o rosto visível de Cristo no meio dos homens, eles devem dar testemunho de união, de amor, de partilha, de harmonia entre si, acolhendo e ajudando os irmãos mais débeis, a exemplo de Jesus.

Evangelho: Mt 3, 1-12
No Evangelho, João Baptista anuncia que a concretização desse “Reino” está muito próxima… Mas, para que o “Reino” se torne realidade viva no mundo, João convida os seus contemporâneos a mudar a mentalidade, os valores, as atitudes, a fim de que nas suas vidas haja lugar para essa proposta que está para chegar… “Aquele que vem” (Jesus) vai propor aos homens um baptismo “no Espírito Santo e no fogo” que os tornará “filhos de Deus” e capazes de viver na dinâmica do “Reino”.

Para viver durante a semana:
Convertei-vos! Um sonho muito belo este de Isaías! No estado actual do mundo, como imaginar a sua realização? A chave é-nos dada por João: “Convertei-vos!” Reconhecer o nosso pecado! Deixar o Fogo do Espírito queimar-nos e transformar-nos! É a partir de cada um de nós que começa o mundo novo. É a partir do coração novo de cada um de nós que o mundo poderá ter um novo coração! Mais uma semana para rezar e praticar a conversão! Mãos à obra!

Imaculada Conceição de Nossa Senhora:

Em pleno tempo de Advento, a Igreja celebra a festa da Imaculada Conceição. Na longa noite dos tempos, Maria aparece como a aurora de um novo dia. Por isso a veneramos como a Senhora do tempo novo, a madrugada da Esperança, a criatura que encerra em si toda a perfeição mas o louvor da Igreja não se resume a uma piedade mariana. Ela centra-se, mais profundamente, no plano de Deus Pai que operou maravilhas em favor dos homens, dos quais Maria é esplendor.
Hoje toda a Igreja Católica venera Maria, Imaculada e íntegra desde o princípio, grande exemplo de fé e de colaboração com os planos de Deus. Ela é figura singular na vida da Igreja. Hoje, pomos de relevo a sua delicadeza e pureza de espírito, vitória sobre todo o pecado. Alegremo-nos portanto, por termos em Maria uma mãe santa e maravilhosa e reafirmemos-Lhe a nossa vontade de a imitarmos em tudo e sempre.

1ª Leitura: Gen 3, 9-15.20:
Na leitura da passagem do livro dos Génesis que vamos escutar, Deus profere esta sentença contra a serpente: estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela… A partir de agora passará a haver uma inimizade profunda entre o Bem e o Mal. É nesta sentença que radica o mistério da Conceição Imaculada de Maria.

2ª Leitura: Ef 1, 3-6, 11-12:
Este texto da carta de São Paulo aos Efésios que somos convidados a ouvir é um hino de acção de graças ao Senhor pelo seu plano Salvador. Ele chama-nos à santidade. E, dentre os chamados, sobressai com excepcional relevo a Virgem Maria, aquela que aderiu totalmente a este plano.

Evangelho: Lc 1, 26-38:
A explicação do privilégio da Imaculada Conceição, que consiste no facto de Maria ter concebido sem pecado, encontra-se na saudação do Anjo que a proclama Cheia de Graças. Deus, ao escolhe-la para Mãe de Seu Filho, não podia permitir que ela fosse atingida pelo pecado.

Para viver durante a semana:
Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, é sinal de esperança desde o primeiro ao último livro da Bíblia. Não sendo possível encontrar Jesus sem Maria, recorramos a Ela agora e sempre. Vamos continuar a nossa preparação para o Natal através de uma vida mais austera e penitente, de oração mais intensa e de uma caridade mais diligente. Que Maria seja, pois, o nosso modelo.

sábado, 1 de dezembro de 2007

I Domingo do Advento

Irmãos, iniciamos hoje o Advento e com ele, um novo ano litúrgico. O Advento é um tempo propício para comemorarmos a extraordinária iniciativa de Deus nos visitar e redimir. Cristo Jesus é sempre Aquele que vem. Não temos por isso que esperar outro Salvador. N’Ele cumpre-se tudo o que procuramos e ansiamos. Por isso, Advento é preparar os caminhos do Senhor. E, neste sentido, é fazer espaço no nosso interior para que Deus e Jesus Cristo possam entrar mais profundamente.
A liturgia deste domingo apresenta-nos então assim um apelo veemente à vigilância. O cristão não deve instalar-se no comodismo, na passividade, no desleixo, na rotina; mas deve caminhar, sempre atento e sempre vigilante, preparado para acolher o Senhor que vem e para responder aos seus desafios.
Durante estas quatro semanas, preparemo-nos então para celebrar como convém, o Natal de Deus.

1ª Leitura: Is 2, 1-5:
A primeira leitura convida os homens – todos os homens, de todas as raças e nações – a dirigirem-se à montanha onde reside o Senhor… É do encontro com o Senhor e com a sua Palavra que resultará um mundo de concórdia, de harmonia, de paz sem fim. Assim, se caminharmos à luz do Senhor, realizar-nos-e-mos como fruto do Senhor e haverá paz universal.

2ª Leitura: Rom 13, 11-14:
A segunda leitura recomenda aos crentes e por isso também a todos nós, que despertemos da sonolência que nos mantém presos ao mundo das trevas, o mundo do egoísmo, da injustiça, da mentira, do pecado, que nos vistamos da luz, a vida de Deus, que Cristo ofereceu a todos, e que caminhemos, com alegria e esperança, ao encontro de Jesus, ao encontro da salvação. Escutemos com atenção esta passagem.

Evangelho: Mt 24, 37-44
O Evangelho que iremos escutar vai apelar à vigilância. O crente ideal não vive mergulhado nos prazeres que alienam, nem se deixa sufocar pelo trabalho excessivo, nem adormece numa passividade que lhe rouba as oportunidades; o crente ideal está, em cada minuto que passa, atento e vigilante, acolhendo o Senhor que vem, respondendo aos seus desafios, cumprindo o seu papel, empenhando-se na construção do “Reino”.

Para viver durante a semana:

Vigiai! Para esperar o quê? Ou quem? Que esperamos concretamente? Vigiai! Como no tempo de Noé ou de Jesus, estamos absorvidos por tantos interesses! Vigiai! A vida é curta! Paulo indica-nos alguns meios muito práticos para ficar vigilantes e reorientar a nossa espera. Vigiai! Em tempo de Advento, em cada dia da semana que nos é dada para viver!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo

A liturgia deste Domingo reflecte sobre o sentido da história da salvação e diz-nos que a O Ano litúrgico que se inicia com o 1.º Domingo do Advento, fecha com o XXXIV Domingo, o último do tempo Comum, em que se celebra, com solenidade, a Festa de Cristo Rei, a qual foi estabelecida em 1925, pelo Papa Pio XI.
Jesus Cristo é designado rei, não só por se elevar acima de todos os seres criados, mas também pelo facto de Deus Pai lhe ter confiado, com todas as honras, o Reino do Povo de Deus, onde impera o amor que nos há-de libertar e salvar.
Esta festa reveste-se de um significado especial por fazer realçar a soberania de Cristo que é o centro de toda a história da humanidade.
A Palavra de Deus, neste último domingo do ano litúrgico, convida-nos então a todos nós a tomarmos consciência da realeza de Jesus. Deixa claro, no entanto, que essa realeza não pode ser entendida à maneira dos reis deste mundo: é uma realeza que se exerce no amor, no serviço, no perdão, no dom da vida.

1ª Leitura: 2 Sam 5, 1-3:
A primeira leitura apresenta-nos o momento em que David se tornou rei de todo o Israel. Com ele, iniciou-se um tempo de felicidade, de abundância, de paz, que ficou na memória de todo o Povo de Deus. Nos séculos seguintes, o Povo sonhava com o regresso a essa era de felicidade e com a restauração do reino de David; e os profetas prometeram a chegada de um descendente de David que iria realizar esse sonho.

2ª Leitura: Col 1, 12-20:
A segunda leitura apresenta um hino que celebra a realeza e a soberania de Cristo sobre toda a criação; além disso, põe em relevo o seu papel fundamental como fonte de vida para o homem.

Evangelho: Lc 23, 35-43:
O Evangelho apresenta-nos a realização dessa promessa: Jesus é o Messias/Rei enviado por Deus, que veio tornar realidade o velho sonho do Povo de Deus e apresentar aos homens o “Reino”; no entanto, o “Reino” que Jesus propôs não é um Reino construído sobre a força, a violência, a imposição, mas sobre o amor, o perdão, o dom da vida.

Para viver durante a semana:
Levar a Palavra de Deus como luz para mais uma semana de trabalho, de estudo… Ao longo dos dias da semana que se segue, procurar rezar e meditar algumas frases da Palavra de Deus: “Vamos com alegria para a casa do Senhor”…; “Deus Pai libertou-nos do poder das trevas… transferiu-nos para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados”…; “Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza”… Procurar transformar as palavras de Deus em atitudes e em gestos de verdadeiro encontro com Deus e com os próximos que formos encontrando nos caminhos percorridos da vida…

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

XXXIII Domingo do Tempo Comum:

A liturgia deste Domingo reflecte sobre o sentido da história da salvação e diz-nos que a meta final para onde Deus nos conduz é o novo céu e a nova terra da felicidade plena, da vida definitiva. Este quadro (que deve ser o horizonte que os nossos olhos contemplam em cada dia da nossa caminhada neste mundo) faz nascer em nós a esperança; e da esperança brota a coragem para enfrentar a adversidade e para lutar pelo advento do Reino.
A certeza da vitória final de Cristo, longe de nos fazer desanimar e baixar os braços, anima-nos a trabalhar sem descansar na construção do Reino de Deus. a vida de cada cristão, no hoje da história, é chamada a ser anúncio do dia do Senhor, para que todos possam conhecer a Cristo, verdadeiro Sol da Justiça, que traz nos seus raios a salvação.
Na vida quotidiana dos nossos seminários, no silêncio da oração e do estudo, se prepara este novo amanhecer. Num mundo dilacerado por tantas contradições, a vida dos que aceitam o chamamento do Senhor para uma entrega radical de serviço à Igreja, é proclamação luminosa e profética dum mundo novo e duma vida nova.
Celebrar o Dia dos Seminários significa então comprometermo-nos responsavelmente neste projecto, que é iniciativa divina, com a nossa oração perseverante e a nossa partilha generosa. Nesta celebração rezemos pelos seminários e confiemos, com esperança, nas mãos de Deus, o futuro da Igreja e do mundo.

1ª Leitura: Mal 4, 1-2:
Na primeira leitura, um “mensageiro de Deus” anuncia a uma comunidade desanimada, céptica e apática que Jahwéh não abandonou o seu Povo. O Deus libertador vai intervir no mundo, vai derrotar o que oprime e rouba a vida e vai fazer com que nasça esse “sol da justiça” que traz a salvação.

2ª Leitura: 2 Tes 7-12:
A segunda leitura reforça a ideia de que, enquanto esperamos a vida definitiva, não temos o direito de nos instalarmos na preguiça e no comodismo, alheando-nos das grandes questões do mundo e evitando dar o nosso contributo na construção do Reino.

Evangelho: Lc 21, 5-19:
O Evangelho oferece-nos uma reflexão sobre o percurso que a Igreja é chamada a percorrer, até à segunda vinda de Jesus. A missão dos discípulos em caminhada na história, é comprometer-se na transformação do mundo, de forma a que a velha realidade desapareça e nasça o Reino. Esse “caminho” será percorrido no meio de dificuldades e perseguições; mas os discípulos terão sempre a ajuda e a força de Deus.

Para viver durante a semana:
Termina mais um ano do ciclo litúrgico, com a Solenidade de Cristo Rei no próximo domingo.Durante a semana podemos meditar sobre o crescimento da nossa fé a partir do encontro dominical e quotidiano com a Palavra de Deus na Eucaristia. Transformou-nos? Fez-nos crescer? Ou ficamos na mesma, passivos e estagnados?

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

XXXII Domingo do Tempo Comum:

Quando nos reunimos para celebrar a fé, invocamos a Jesus Ressuscitado e o Deus da vida, que nos criou e é o nosso ponto de partida e de chegada.
Hoje vamos celebrar, de uma maneira especial que Deus é Pai de todos, que nos chama a viver em plenitude na terra e, depois, no céu. Há poucos dias ainda, visitámos o cemitério e recordámos os nossos antepassados falecidos. Hoje a Palavra de Deus insiste na perspectiva da ressurreição.
Iniciamos também hoje a Semana de Oração pelos Seminários. Na vida da Igreja, os seminários são sinais concretos do amor de Deus pelo seu povo. Eles são o lugar onde o coração aberto de Cristo Bom Pastor continua a derramar-se como fonte inesgotável de eterna consolação e feliz esperança. Neles o Espírito do Senhor Ressuscitado vai transformando e fazendo amadurecer aqueles que chama para, em seu nome, anunciarem a palavra, confortarem os corações, serem testemunhas apaixonadas e destemidas da sua ressurreição, darem a vida por Ele e pelo Evangelho.
Ao iniciarmos esta semana de oração, somos convidados a olhar os seminários como sementeiras de Deus, onde germina e cresce o futuro da Igreja. Confiemos ao Senhor os nossos seminários e Ele certamente, na sua fidelidade, não nos faltará com a sua ajuda.
A liturgia deste domingo introduz-nos já no ambiente característico das últimas semanas do ano litúrgico, ao falar-nos da vida que permanece para além da morte, ao tratar da ressurreição dos mortos. O nosso Deus é um Deus de vivos e não um Deus de mortos.

1ª Leitura: 2 Mac 7, 1-2.9-14:
Na primeira leitura, temos o testemunho de sete irmãos que deram a vida pela sua fé, durante a perseguição movida contra os judeus por Antíoco IV Epifanes. Aquilo que motivou os sete irmãos mártires, que lhes deu força para enfrentar a tortura e a morte foi, precisamente, a certeza de que Deus reserva a vida eterna àqueles que, neste mundo, percorrem, com fidelidade, os seus caminhos.

2ª Leitura: 2 Tes 2, 16-3, 5:
Na segunda leitura temos um convite a manter o diálogo e a comunhão com Deus, enquanto esperamos que chegue a segunda vinda de Cristo e a vida nova que Deus nos reserva. Só com a oração será possível mantermo-nos fiéis ao Evangelho e ter a coragem de anunciar a todos os homens a Boa Nova da salvação.

Evangelho: Lc 20, 27-38:
No Evangelho, Jesus garante que a ressurreição é a realidade que nos espera. No entanto, não vale a pena estar a julgar e a imaginar essa realidade à luz das categorias que marcam a nossa existência finita e limitada neste mundo; a nossa existência de ressuscitados será uma existência plena, total, nova. A forma como isso acontecerá é um mistério; mas a ressurreição é uma certeza absoluta no horizonte do crente.

Para viver durante a semana:
Levar a Palavra de Deus como luz para mais uma semana de trabalho, de estudo… Ao longo dos dias da semana que se segue, procurar rezar e meditar algumas frases da Palavra de Deus: “Temos a esperança em Deus de que Ele nos ressuscitará”…; “Escutai, Senhor, a minha oração, feita com sinceridade”…; “O Senhor dirija os vossos corações, para que amem a Deus e aguardem a Cristo com perseverança”…; “Deus não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos”… Procurar transformar as palavras de Deus em atitudes e em gestos de verdadeiro encontro com Deus e com os próximos que formos encontrando nos caminhos percorridos da vida…
Feitos para a vida… Anunciar que o nosso Deus não é o Deus dos mortos, mas dos vivos (Evangelho) não está reservado para os momentos dos funerais! Esta bela afirmação da nossa fé merece estar mais presente no nosso testemunho… Perguntemo-nos se já tivemos ocasião de o dizer… E se não, porquê?

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

XXXI Domingo do Tempo Comum

No caminho das nossas vidas, muitas coisas nos deixam perplexos. Quantas pessoas desprezadas! Para a cegueira humana existem pessoas irremediavelmente perdidas. Mas quem é que está irremediavelmente perdido? Deus criou todas as coisas e ama todas as suas criaturas, o seu amor transforma as pessoas, e a sua vontade é reunir tudo e todos em Cristo.
A liturgia deste domingo convida-nos então a cada um de nós a contemplarmos o quadro do amor de Deus. Apresenta-nos um Deus que ama todos os seus filhos sem excluir ninguém, nem sequer os pecadores, os maus, os marginais, os “impuros”; e mostra como só o amor é transformador e revivificador.

1ª Leitura: Sab 11, 22-12, 2:
Na primeira leitura um “sábio” de Israel explica a “moderação” com que Deus tratou os opressores egípcios. Essa moderação explica-se por uma lógica de amor: esse Deus omnipotente, que criou tudo, ama com amor de Pai cada ser que saiu das suas mãos – mesmo os opressores, mesmo os egípcios – porque todos são seus filhos.

2ª Leitura: 2 Tes 1, 11-2, 2:
A segunda leitura faz referência ao amor de Deus, pondo em relevo o seu papel na salvação do homem (é d’Ele que parte o chamamento inicial à salvação; Ele acompanha com amor a caminhada diária do homem; Ele dá-lhe, no final da caminhada, a vida plena)… Além disso, avisa os crentes para que não se deixem manipular por fantasias de fanáticos que aparecem, por vezes, a perturbar o caminho normal do cristão.

Evangelho: Lc 19, 1-10:
O Evangelho apresenta a história de um homem pecador, marginalizado e desprezado pelos seus concidadãos, que se encontrou com Jesus e descobriu n’Ele o rosto do Deus que ama… Convidado a sentar-se à mesa do “Reino”, esse homem egoísta e mau deixou-se transformar pelo amor de Deus e tornou-se um homem generoso, capaz de partilhar os seus bens e de se comover com a sorte dos pobres.

Para viver durante a semana:
Levar a Palavra de Deus como luz para mais uma semana de trabalho, de estudo… Ao longo dos dias da semana que se segue, procurar rezar e meditar algumas frases da Palavra de Deus: “Cantai ao Senhor um cântico novo”…; “A Palavra de Deus não está encadeada”…; “Se morremos com Cristo, também com Ele viveremos”…; “Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou”… Procurar transformá-las em atitudes e em gestos de verdadeiro encontro com Deus e com os próximos que formos encontrando nos caminhos percorridos da vida…

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

XXX Domingo do Tempo Comum

A liturgia deste trigésimo Domingo do Tempo Comum, fala-nos da humildade, condição indispensável para obter as graças de Deus exorta-nos também a sermos fiéis à nossa vocação de verdadeiros cristãos.
Inseridos pelo baptismo no Corpo Místico de Cristo, cada um de nós é destinado ao apostolado, e apóstolo é todo aquele que à semelhança de Cristo passa a ser um enviado não só para guardar a vida nova que recebeu e cumprir as promessas feitas, mas também para ser testemunha de Cristo e irradiar a luz da fé entre os homens seus irmãos. Revestido destes sentimentos o cristão, e por isso cada um de nós, deve fazer um esforço para que a sua vida seja de facto uma vida de oração e de entrega aos irmãos.

1ª Leitura: Sir 35, 15b-17.20-22a:
A primeira leitura define Deus como um “juiz justo”, que não se deixa subornar pelas ofertas desses poderosos que praticam injustiças na comunidade; em contrapartida, esse Deus justo ama os humildes e escuta as suas súplicas.

2ª Leitura: 2 Tim 4, 6-8.16-18:
Na segunda leitura, temos um convite a viver o caminho cristão com entusiasmo, com entrega, com ânimo – a exemplo de Paulo. A leitura foge, um pouco, ao tema geral deste domingo; contudo, podemos dizer que Paulo foi um bom exemplo dessa atitude que o Evangelho propõe: ele confiou, não nos seus méritos, mas na misericórdia de Deus, que justifica e salva todos os homens que a acolhem.

Evangelho: Lc 18, 9-14:
O Evangelho define a atitude correcta que o crente deve assumir diante de Deus. Recusa a atitude dos orgulhosos e auto-suficientes, convencidos de que a salvação é o resultado natural dos seus méritos; e propõe a atitude humilde de um pecador, que se apresenta diante de Deus de mãos vazias, mas disposto a acolher o dom de Deus. É essa atitude de “pobre” que Lucas propõe aos crentes do seu tempo e de todos os tempos.

Para viver durante a semana:
Levar a Palavra de Deus como luz para mais uma semana de trabalho, de estudo… Ao longo dos dias da semana que se segue, procurar rezar e meditar algumas frases da Palavra de Deus: “O Senhor é um juiz que não faz acepção de pessoas…”; “Quem adora a Deus será bem acolhido…”; “A toda a hora bendirei o Senhor…”; “O Senhor está a meu lado e dá-me força…”; “Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador…” Procurar transformá-las em atitudes e em gestos de verdadeiro encontro com Deus e com os próximos que formos encontrando nos caminhos percorridos da vida…

terça-feira, 23 de outubro de 2007

XXIX Domingo do Tempo Comum:

A celebração do Domingo é sempre a festa dos irmãos reunidos com Jesus, para dar graças e louvar o Pai. Estamos aqui para escutar a palavra que Ele tem para nos dizer hoje, para falar com Ele na oração, e, se possível, para o receber vivo, na Eucaristia. Mas a oração não pode ser para o cristão algo a que se entrega, a que se dedica um pouco do tempo livre, ao Domingo. Não há um tempo para rezar, é preciso rezar sempre. Não rezamos porque temos tempo, mas porque temos necessidade. Vamos hoje reflectir neste aspecto sempre actual e por vezes tão esquecido, da vida do cristão.
Na vida cristã, a Palavra de Deus e a oração são dois meios fundamentais para se chegar a alcançar a Cristo. Temos por isso de procurar que a oração e a meditação da Palavra de Deus nos motivem interiormente nos nossos afazeres diários e na nossa relação com s outros. O ideal seria que rezássemos tanto na vida, que se pudesse sentir a aura do Espírito. É com estes sentimentos e intenções que vamos dar início a esta celebração.

1ª Leitura: Ex 17, 8-13a:
A primeira leitura dá a entender que Deus intervém no mundo e salva o seu Povo servindo-se, muitas vezes, da acção do homem; mas, para que o homem possa ganhar as duras batalhas da existência, ele tem que contar com a ajuda e a força de Deus… Ora, essa ajuda e essa força brotam da oração, do diálogo com Deus.

2ª Leitura: 2 Tim 3, 14-4, 2:
A segunda leitura, sem se referir directamente ao tema da relação do crente com Deus, apresenta uma outra fonte privilegiada de encontro entre Deus e o homem: a Escritura Sagrada… Sendo a Palavra com que Deus indica aos homens o caminho da vida plena, ela deve assumir um lugar preponderante na experiência cristã.

Evangelho: Lc 18, 1-8:
O Evangelho sugere que Deus não está ausente nem fica insensível diante do sofrimento do seu Povo… Os crentes devem descobrir que Deus os ama e que tem um projecto de salvação para todos os homens; e essa descoberta só se pode fazer através da oração, de um diálogo contínuo e perseverante com Deus.

Para viver durante a semana:
Levar a Palavra de Deus como luz para mais uma semana de trabalho, de estudo… Ao longo dos dias da semana que se segue, procurar rezar e meditar algumas frases da Palavra de Deus: “O Senhor é quem te guarda… O Senhor vela pela tua vida…”; “Proclama a palavra, insiste a propósito e fora de propósito, argumenta, ameaça e exorta, com toda a paciência e doutrina”; “…necessidade de orar sempre sem desanimar…”. Procurar transformá-las em atitudes e em gestos de verdadeiro encontro com Deus e com os próximos que formos encontrando nos caminhos percorridos da vida…

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

XXVIII Domingo do Tempo Comum:

A liturgia deste domingo mostra-nos, com exemplos concretos, como Deus tem um projecto de salvação para oferecer a todos os homens, sem excepção; reconhecer o dom de Deus, acolhê-lo com amor e gratidão, é a condição para vencer a alienação, o sofrimento, o afastamento de Deus e dos irmãos e chegar à vida plena. Ouviremos assim hoje a história de alguns homens que souberam agradecer ao Senhor os benefícios recebidos e de outros que não foram capazes de o fazer. Abramos então o nosso coração à gratidão para que a nossa celebração de hoje seja uma acção de graças por todos os dons que o Senhor nos fez e continua a fazer a cada instante.

1ª Leitura: 2 Reis 5, 14-17:
A primeira leitura apresenta-nos a história de um leproso (o sírio Naamã). O episódio revela que só Jahwéh oferece ao homem a vida e a salvação, sem limites nem excepções; ao homem resta acolher o dom de Deus, reconhecê-l’O como o único salvador e manifestar-Lhe gratidão.

2ª Leitura: 2 Tim 2, 8-13:
A segunda leitura define a existência cristã como identificação com Cristo. Quem acolhe o dom de Deus torna-se discípulo: identifica-se com Cristo, vive no amor e na entrega aos irmãos e chega à vida nova da ressurreição.

Evangelho: Lc 17, 11-19:
O Evangelho apresenta-nos um grupo de leprosos que se encontram com Jesus e que através de Jesus descobrem a misericórdia e o amor de Deus. Eles representam toda a humanidade, envolvida pela miséria e pelo sofrimento, sobre quem Deus derrama a sua bondade, o seu amor, a sua salvação. Também aqui se chama a atenção para a resposta do homem ao dom de Deus: todos os que experimentam a salvação que Deus oferece devem reconhecer o dom, acolhê-lo e manifestar a Deus a sua gratidão.

Para viver durante a semana:
Levar a Palavra de Deus como luz para mais uma semana de trabalho, de estudo… Ao longo dos dias da semana que se segue, procurar rezar e meditar algumas frases da Palavra de Deus: “Cantai ao Senhor um cântico novo”…; “A Palavra de Deus não está encadeada”…; “Se morremos com Cristo, também com Ele viveremos”...; “Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou”… Procurar transformá-las em atitudes e em gestos de verdadeiro encontro com Deus e com os próximos que formos encontrando nos caminhos percorridos da vida…

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

XXVII Domingo do Tempo Comum:

Reunimo-nos aqui mais uma vez porque Deus e Jesus Cristo têm para nós a maior importância. E queremos celebrar a fé, porque desejamos vivamente estender o Reino de Deus e o seu ideal de vida. Para isso, foi-nos dado um espírito de energia, de amor e de moderação como nos dirão os textos bíblicos.
Assim, na Liturgia da palavra que hoje nos é proposta, cruzam-se vários temas (a fé, a salvação, a radicalidade do “caminho do Reino”, etc.); mas sobressai a reflexão sobre a atitude correcta que o homem deve assumir face a Deus. As leituras convidam-nos a reconhecer, com humildade, a nossa pequenez e finitude, a comprometer-nos com o “Reino” sem cálculos nem exigências, a acolher com gratidão os dons de Deus e a entregar-nos confiantes nas suas mãos.

1ª Leitura: Hab 1, 2-3; 2, 2-4:
Na primeira leitura, o profeta Habacuc interpela Deus, convoca-o para intervir no mundo e para pôr fim à violência, à injustiça, ao pecado… Deus, em resposta, confirma a sua intenção de actuar no mundo, no sentido de destruir a morte e a opressão; mas dá a entender que só o fará quando for o momento oportuno, de acordo com o seu projecto; ao homem, resta confiar e esperar pacientemente o “tempo de Deus”.

2ª Leitura: 2 Tim 1, 6-8.13-14:
A segunda leitura convida os discípulos a renovar cada dia o seu compromisso com Jesus Cristo e com o “Reino”. De forma especial, o autor exorta os animadores cristãos a que conduzam com fortaleza, com equilíbrio e com amor as comunidades que lhes foram confiadas e a que defendam sempre a verdade do Evangelho.

Evangelho: Lc 17, 5-10:
O Evangelho convida os discípulos a aderir, com coragem e radicalidade, a esse projecto de vida que, em Jesus, Deus veio oferecer ao homem… A essa adesão chama-se “fé”; e dela depende a instauração do “Reino” no mundo. Os discípulos, comprometidos com a construção do “Reino” devem, no entanto, ter consciência de que não agem por si próprios; eles são, apenas, instrumentos através dos quais Deus realiza a salvação. Resta-lhes cumprir o seu papel com humildade e gratuidade, como “servos que apenas fizeram o que deviam fazer”.

Para viver durante a semana:
Levar a Palavra de Deus como luz para mais uma semana de trabalho, de estudo… Ao longo dos dias da semana que se segue, procurar rezar e meditar algumas frases da Palavra de Deus: «Senhor, aumenta a nossa fé!»; «Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor…»; «Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações»; «Exultemos de alegria no Senhor!». Procurar transformá-las em atitudes e em gestos de verdadeiro encontro com Deus e com os próximos que formos encontrando nos caminhos percorridos da vida…

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

XXVI Domingo do Tempo Comum:

Mais uma vez nos reunimos aqui para partilharmos a celebração da fé, dispostos a continuar o seguimento do caminho que Jesus traçou para cada um de nós.
Pode ser que a menagem de hoje nos volte a parecer exigente, principalmente se temos um coração tíbio. No domingo passado ouvimos dizer: não podeis servir a dois senhores; não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Hoje, por meio de uma parábola, Jesus vai falar-nos dos dois extremos da vida: do justo e do injusto, do nobre e do ordinário, do humano e do desumano.
Assim, a liturgia deste domingo propõe-nos, de novo, a reflexão sobre a nossa relação com os bens deste mundo… Convida-nos a vê-los, não como algo que nos pertence de forma exclusiva, mas como dons que Deus colocou nas nossas mãos, para que os administremos e partilhemos, com gratuidade e amor.

1ª Leitura: Am 6, 1a.4-7:
Na primeira leitura, o profeta Amós denuncia violentamente uma classe dirigente ociosa, que vive no luxo à custa da exploração dos pobres e que não se preocupa minimamente com o sofrimento e a miséria dos humildes. O profeta anuncia que Deus não vai pactuar com esta situação, pois este sistema de egoísmo e injustiça não tem nada a ver com o projecto que Deus sonhou para os homens e para o mundo. Numa linguagem sugestiva, o profeta evoca os encantos de uma vida fácil. Mas adverte-nos que são prazeres enganadores. Não encontra a felicidade quem a procura longe de Deus.

2ª Leitura: 1 Tim 6, 11-16:
A segunda leitura não apresenta uma relação directa com o tema deste domingo… Traça o perfil do “homem de Deus”: deve ser alguém que ama os irmãos, que é paciente, que é brando, que é justo e que transmite fielmente a proposta de Jesus. Poderíamos, também, acrescentar que é alguém que não vive para si, mas que vive para partilhar tudo o que é e que tem com os irmãos? Ser cristão é optar definitivamente por Cristo. E por isso São Paulo exorta Timóteo e através dele a todos nós, a sermos fiéis a essa fé, com persistência e coragem, guiados pelo exemplo de Cristo e apoiados na sua força.

Evangelho: Lc 16, 19-31:
O Evangelho apresenta-nos, através da parábola do rico e do pobre Lázaro, uma catequese sobre a posse dos bens… Na perspectiva de Lucas, a riqueza é sempre um pecado, pois supõe a apropriação, em benefício próprio, de dons de Deus que se destinam a todos os homens… Por isso, o rico é condenado e Lázaro recompensado. Nesta parábola Jesus retoma o tema da primeira leitura e faz-nos sentir o perigo do demasiado apego às coisas materiais, que podem levar-nos ao esquecimento dos sofrimentos alheios e consequentemente de Deus.

Para viver durante a semana:
E nós hoje? As palavras de Amós atingem sem compaixão aqueles que não se preocupam com o desastre de Israel. Lucas põe em cena um homem rico fechado no luxo, que não tem mesmo qualquer olhar para o pobre Lázaro que está à sua porta. E nós hoje? Ricos ou não, diante de todos os desastres do mundo, temos um olhar diferente para com todos os “Lázaros” da nossa sociedade ou ficamo-nos por um simples relance no ecrã da televisão? Ouvimos os golpes discretos à nossa porta? Ou serão somente cães a dar-lhes assistência?

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

XXV Domingo do Tempo Comum

A liturgia da palavra deste domingo sugere-nos, hoje, uma reflexão sobre o lugar que o dinheiro e os outros bens materiais devem assumir na nossa vida. De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, os discípulos de Jesus devem evitar que a ganância ou o desejo imoderado do lucro manipulem as suas vidas e condicionem as suas opções; em contrapartida, são convidados a procurar os valores do “Reino”.

1ª Leitura: Am 8, 4-7:
Na primeira leitura, o profeta Amós denuncia os comerciantes sem escrúpulos, preocupados em ampliar sempre mais as suas riquezas, que apenas pensam em explorar a miséria e o sofrimento dos pobres. Amós avisa: Deus não está do lado de quem, por causa da obsessão do lucro, escraviza os irmãos. A exploração e a injustiça não passam em claro aos olhos de Deus.

2ª Leitura: 1 Tim 2, 1-8:
Na segunda leitura, o autor da Primeira Carta a Timóteo convida os crentes a fazerem do seu diálogo com Deus uma oração universal, onde caibam as preocupações e as angústias de todos os nossos irmãos, sem excepção. O tema não se liga, directamente, com a questão da riqueza (que é o tema fundamental da liturgia deste domingo); mas o convite a não ficar fechado em si próprio e a preocupar-se com as dores e esperanças de todos os irmãos, situa-nos no mesmo campo: o discípulo é convidado a sair do seu egoísmo para assumir os valores duradouros do amor, da partilha, da fraternidade.

Evangelho: Lc 16, 1-13:
O Evangelho apresenta a parábola do administrador astuto. Nela, Jesus oferece aos discípulos o exemplo de um homem que percebeu como os bens deste mundo eram caducos e precários e que os usou para assegurar valores mais duradouros e consistentes… Jesus avisa os seus discípulos para fazerem o mesmo.

Para viver durante a semana:
Deus ou o Dinheiro? Amós e Lucas convidam-nos a um sério exame de consciência sobre a nossa maneira de praticar a justiça social e de utilizar o dinheiro. Quantos pobres, hoje no mundo, são explorados com meia dúzia de euros por alguns que enriquecem sobre a sua miséria? Não acusemos ninguém! Nesta semana, retomemos estes textos para fazer o ponto da situação em toda a verdade. A que mestre estamos amarrados: a Deus ou ao Dinheiro?

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

XXIV Domingo do Tempo Comum:

A liturgia deste domingo centra a nossa reflexão na lógica do amor de Deus. Assim, o tema central deste vigésimo quarto Domingo do Tempo Comum, é o perdão dos pecados e a imensa alegria que tal acontecimento suscita em Deus que nos perdoa e em nós que somos perdoados por Ele. Sugere que Deus ama o homem, infinita e incondicionalmente; e que nem o pecado nos afasta desse amor…

1ª Leitura: Ex 32, 7-11.13-14:
A primeira leitura apresenta-nos a atitude misericordiosa de Jahwéh face à infidelidade do Povo. Neste episódio – situado no Sinai, no espaço geográfico da aliança – Deus assume uma atitude que se vai repetir vezes sem conta ao longo da história da salvação: deixa que o amor se sobreponha à vontade de punir o pecador.

2ª Leitura: 1 Tim 1, 12-17:
Na segunda leitura, Paulo recorda algo que nunca deixou de o espantar: o amor de Deus manifestado em Jesus Cristo. Esse amor derrama-se incondicionalmente sobre os pecadores, transforma-os e torna-os pessoas novas. Paulo é um exemplo concreto dessa lógica de Deus; por isso, não deixará de testemunhar o amor de Deus e de lhe agradecer.

Evangelho: Lc 15, 1-32:
O Evangelho apresenta-nos o Deus que ama todos os homens e que, de forma especial, se preocupa com os pecadores, com os excluídos, com os marginalizados. A parábola do “filho pródigo”, em especial, apresenta Deus como um pai que espera ansiosamente o regresso do filho rebelde, que o abraça quando o avista, que o faz reentrar em sua casa e que faz uma grande festa para celebrar o reencontro.

Para viver durante a semana:
Entrar na alegria do nosso Pai… No Evangelho de hoje, Lucas oferece-nos três parábolas para nos falar da Misericórdia de Deus nosso Pai: a ovelha perdida, a moeda perdida, o filho pródigo. Ser beneficiários deste perdão pleno de amor do nosso Pai é o desejo de todos nós. Mas não nos acontece, tal como o filho mais velho, considerar que alguns dos nossos irmãos são imperdoáveis e, por vezes, acolher com cólera sanções da justiça que nos parecem demasiado clementes? Vamos recusar entrar na alegria do nosso Pai, que se compraz a conceder a sua graça?

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

XXIII Domingo do Tempo Comum:

A liturgia deste domingo convida-nos a tomar consciência de quanto é exigente o caminho do “Reino”. Optar pelo “Reino” não é escolher um caminho de facilidade, mas sim aceitar percorrer um caminho de renúncia e de dom da vida. Hoje pede-se-nos que deixemos tudo o que nos impeça de o seguirmos. Viver à sua maneira não é uma graça barata. Rezemos então para que o Espírito Santo nos ajude a ser verdadeiros seguidores de Jesus.

1ª Leitura: Sab 9, 13-19:
A primeira leitura lembra a todos aqueles que não conseguem decidir-se pelo “Reino” que só em Deus é possível encontrar a verdadeira felicidade e o sentido da vida. Há, portanto, aí, um encorajamento implícito a aderir ao “Reino”: embora exigente, é um caminho que leva à felicidade plena. Quem poderá conhecer os desígnios de Deus? Quem poderá conhecer as suas intenções? Só pela sabedoria, o Espírito de Jesus Cristo, poderemos aprender o que agrada a Deus e assim seremos salvos.

2ª Leitura: Flm 9b-10. 12-17:
A segunda leitura recorda que o amor é o valor fundamental, para todos os que aceitam a dinâmica do “Reino”; só ele permite descobrir a igualdade de todos os homens, filhos do mesmo Pai e irmãos em Cristo. Aceitar viver na lógica do “Reino” é reconhecer em cada homem um irmão e agir em consequência.

Evangelho: Lc 14, 25-33:
Para orientarmos a nossa vida devemos reflectir sobre as estruturas em que ela assenta. É preciso carregar cada um a sua própria cruz, sempre que ela se lhe apresente. E se formos chamados a dar a vida pró Cristo fazê-lo com alegria, pois não basta sermos baptizados. É então, sobretudo, o Evangelho que traça as coordenadas do “caminho do discípulo”: é um caminho em que o “Reino” deve ter a primazia sobre as pessoas que amamos, sobre os nossos bens, sobre os nossos próprios interesses e esquemas pessoais. Quem tomar contacto com esta proposta tem de pensar seriamente se a quer acolher, se tem forças para a acolher… Jesus não admite meios-termos: ou se aceita o “Reino” e se embarca nessa aventura a tempo inteiro e “a fundo perdido”, ou não vale a pena começar algo que não vai levar a lado nenhum (porque não é um caminho que se percorra com hesitações e com “meias tintas”).

Para viver durante a semana:
Como O seguimos? No caminho, grandes multidões à procura de Jesus, com interesses muito variados! Era ontem! E nós, hoje, como o seguimos? Como um líder político? Uma estrela da canção? Um ídolo do futebol? “Jesus voltou-Se”, indicando claramente os desafios. Tornar-se seu discípulo é uma questão de preferência absoluta, num caminho que passa pela cruz.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

XXII Domingo do Tempo Comum:

A Liturgia deste domingo fala-nos da humildade. É difícil para nós admitir que a humildade é a atitude própria do homem perante Deus, atitude que não o diminui, mas que o coloca no seu lugar. É, além disso, o estilo mais social e que melhor possibilita a relação do ser humano com os seus semelhantes. Para entender isto, para ser humilde e andar na verdade da nossa própria condição, precisamos de ser pobres de espírito diante de Deus, ou seja, vazios de nós mesmos, para poder ser chamados por Ele, sabendo que tudo na nossa vida é graça e dom, efeito da misericórdia e do amor que Deus nos tem.

1ª Leitura: Sir 3, 19-21. 30-31:
Na primeira leitura, um sábio dos inícios do séc. II a.C. aconselha a humildade como caminho para ser agradável a Deus e aos homens, para ter êxito e ser feliz. É a reiteração da mensagem fundamental que a Palavra de Deus hoje nos apresenta. Basta uma rápida verificação, para nos darmos conta de que tudo aquilo que somos é um presente de Deus. D´Ele provém a vida, a beleza, a força, a inteligência, as qualidades que temos. Nada é nosso, de nada nos podemos vangloriar. É ridículo quem exibe os dons de Deus como se fossem seus. É insensato quem ostenta as qualidades que recebeu para se confrontar e para se impor às outras pessoas. Os dons de Deus foram-nos dados para que deles façamos dom aos irmãos.

2ª Leitura: Heb 12,v 18-19. 22-24a:
A segunda leitura convida os crentes instalados numa fé cómoda e sem grandes exigências, a redescobrir a novidade e a exigência do cristianismo; insiste em que o encontro com Deus é uma experiência de comunhão, de proximidade, de amor de intimidade, que dá sentido à caminhada do cristão. Aparentemente, esta questão não tem muito a ver com o tema principal da liturgia deste domingo; no entanto, podemos ligar a reflexão desta leitura com o tema central da liturgia de hoje – a humildade, a gratuidade, o amor desinteressado – através do tema da exigência: a vida cristã – essa vida que brota do encontro com o amor de Deus – é uma vida que exige de nós determinados valores e atitudes, entre os quais avultam a humildade, a simplicidade, o amor que se faz dom.

Evangelho: Lc 14, 1.7-14:
O Evangelho coloca-nos no ambiente de um banquete em casa de um fariseu. O enquadramento é o pretexto para Jesus falar do “banquete do Reino”. A todos os que quiserem participar desse “banquete”, Ele recomenda a humildade; ao mesmo tempo, denuncia a atitude daqueles que conduzem as suas vidas numa lógica de ambição, de luta pelo poder e pelo reconhecimento, de superioridade em relação aos outros… Jesus sugere, também, que para o “banquete do Reino” todos os homens são convidados; e que a gratuidade e o amor desinteressado devem caracterizar as relações estabelecidas entre todos os participantes do “banquete”.

Para viver durante a semana:
Difícil questão… Com que critérios estabelecemos a lista dos nossos convidados quando preparamos uma refeição festiva? Decididamente, uma vez mais, a lógica de Jesus não é a nossa. Acontece convidarmos à nossa mesa pobres, estropiados, sem-abrigo, crianças perdidas nas ruas… mais que a nossa família, os amigos, as nossas relações de negócios? Difícil questão, que evitamos talvez tomar demasiado a sério. E se nesta semana a deixássemos ressoar um pouco em nós mesmos?…

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Encontrei-Te, Senhor

Encontrei-Te, Senhor,
hoje, no final deste dia,
neste pôr-do-sol.

Já Te tinha encontrado, ao longo do dia,
no sol, no calor, na brisa, nos pássaros,
nos ruídos habituais da minha casa,
da minha cidade a falarem-me do Teu amor por mim…

Já Te tinha encontrado nos irmãos,
no seu olhar e no seu riso,
nas suas palavras e nos seus gestos,
a dizerem-me quanto Tu me amas…

Já Te tinha encontrado
na Palavra que és Tu mesmo,
na Eucaristia que me faz um contigo…

Não pude estar na praia
para ver ESTE pôr-do-sol.
Alguém, ao tirar a fotografia,
lembrou-se de mim e ma enviou…

Encontrei-Te, Senhor,
hoje, no final deste dia, neste pôr-do-sol
e na amizade da pessoa que pensou em mim...

Encontrei-Te, Senhor,
na PAZ e na SERENIDADE
que esta imagem me transmite…

Encontrei-Te, Senhor,
na BELEZA e na HARMONIA das cores,
como só a Tua mão divina as pode pintar…

Encontrei-Te, Senhor,
na CERTEZA de que,
para além das nuvens escuras, está sempre a Tua LUZ…

Encontrei-Te, Senhor,
na ESPERANÇA segura de que,
depois de cada anoitecer, virá uma nova MANHÃ,
um novo NASCER, uma VIDA nova na Tua GRAÇA e LUZ…

Encontrei-Te, Senhor…

terça-feira, 28 de agosto de 2007

As chaves perdidas

Ninguém sabe o que tem, até que o perde. Esta é uma grande verdade, e é uma verdade que se manifesta quando se extraviam, por exemplo, umas chaves. Não nos interessamos por esses pedaços de metal dourado ou prateado, senão até ao dia em que nos damos conta de que as perdemos. Quando as temos, abrimos como que mecanicamente portas, cofres, vitrais, armários, diários, e muitas outras coisas que estimamos.
Dói-nos então perder as chaves, porque sem elas se obstaculiza o nosso acesso a algo que é da nossa propriedade. A chave chegou então a ser um sinal daquilo que encerra. A chave de minha casa, do meu quarto, do meu cofre…
Na antiguidade confiar as chaves era o símbolo de delegar uma autoridade, um sinal de compromisso, uma amostra de confiança, um gesto de responsabilidade. Aquele que recebia as chaves era de máxima confiança, o de maior virtude e fidelidade.
Surgiu então o termo “amo das chaves” (se bem que a sua forma mais empregue era a feminina), para designar o homem que dispunha dos bens da casa segundo o seu prudente juízo, algo assim como o nosso actual administrador. Para se conhecer a importância de um destes sujeitos, bastava deitar o olhar à quantidade de chaves que carregavam e o número de portas que abriam. Muitas chaves, ou chaves grandes: grande responsabilidade.
Que dúvida existe então que o mesmo acontece na amizade. Sem recorrer a forma poéticas muito elaboradas, podemos afirmar com simplicidade que num amigo (essa outra metade da nossa alma), depositámos a chave do nosso coração. Ninguém nos conhece melhor que um amigo, em ninguém se confia mais do que num amigo. Ninguém está mais pronto a escutar-nos e a dar-nos conselho, e por isso o problema que se partilha com um amigo é como que um descanso, como o afirmavam os persas.
Mas nós não só temos amigos: também somos amigos de outras pessoas. Então, que uso damos a esta chave? Alguém confia em nós, como nós confiamos em outras pessoas. Pode custar-nos muito termos perdido uma chave importante. Mas é uma pena muito maior encher-mos de ódio o coração, perdendo uma amizade.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

XXI Domingo do Tempo Comum:

Reunidos para celebrar o Dia do Senhor, lembremos que é Ele quem nos convida, quem nos chama para participarmos no Seu Reino; chama-nos à felicidade da salvação que nos oferece gratuitamente.
Todos nós somos convidados para esta festa que é viver, ainda na terra, a alegria do Reino de Deus. Mas a salvação é também tarefa nossa. Ser convidado não significa estar presente na festa, é preciso responder ao convite, com um sinal pessoal, decidido, sem condição nem reservas. O sim do nosso esforço, da nossa conversão e da renúncia ao mal e ao pecado. A liturgia deste domingo propõe-nos o tema da “salvação”. Diz-nos que o acesso ao “Reino” – à vida plena, à felicidade total (“salvação”) – é um dom que Deus oferece a todos os homens e mulheres, sem excepção; mas, para lá chegar, é preciso renunciar a uma vida baseada nesses valores que nos tornam orgulhosos, egoístas, prepotentes, auto-suficientes, e seguir Jesus no seu caminho de amor, de entrega, de dom da vida.
Aproveitemos este momento da nossa celebração para renovar este sim ao Pai que nunca deixa de nos acolher e de nos amar.

1ª Leitura: Is 66, 18-21:
Na primeira leitura, um profeta não identificado propõe-nos a visão da comunidade escatológica: será uma comunidade universal, à qual terão acesso todos os povos da terra, sem excepção. Os próprios pagãos serão chamados a testemunhar a Boa Nova de Deus e serão convidados para o serviço de Deus, sem qualquer discriminação baseada na raça, na etnia ou na origem.

2ª Leitura: Heb 12, 5-7.11-13:
A segunda leitura parece, à primeira vista, apresentar um tema um tanto deslocado e marginal, em relação ao que nos é proposto pelas outras duas leituras; no entanto, as ideias propostas são uma outra forma de abordar a questão da “porta estreita”: o verdadeiro crente enfrenta com coragem os sofrimentos e provações, vê neles sinais do amor de Deus que, dessa forma, educa, corrige, mostra o sem sentido de certas opções e nos prepara para a vida nova do “Reino”.

Evangelho: Lc 13, 22-30:
No Evangelho, Jesus – confrontado com uma pergunta acerca do número dos que se salvam – sugere que o banquete do “Reino” é para todos; no entanto, não há entradas garantidas, nem bilhetes reservados: é preciso fazer uma opção pela “porta estreita” e aceitar seguir Jesus no dom da vida e no amor total aos irmãos.

Para viver durante a semana:
Tomar o Evangelho a sério… Corrida ao poder, às situações de privilégio, às relações de prestígio, às melhores aplicações bancárias, aos primeiros lugares de todos os géneros… Estamos muito ocupados para conseguir os nossos negócios aqui na terra.E eis uma página do Evangelho que vem alterar tudo. Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros. Forte convite a tomar o Evangelho a sério e conformar com ele as nossas vidas… antes que a porta do Reino se feche!

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

XX Domingo do Tempo Comum:


Mais uma vez nos reunimos em união fraterna na presença de Deus que não deixa nunca de estar na nossa companhia. E, mais uma vez, a mensagem dominical vai fortalecer a nossa condição de cristãos. No seguimento de Jesus não existem férias. Deus quer que estejamos sempre atentos e em luta constante contra tudo o que pode despersonalizar-mos. Não é autêntica a fé que nos faz adormecer, mas só aquela que nos dinamiza e nos questiona até fazer-nos optar, como nos indicará o evangelho.
Assim, a Palavra de Deus que hoje nos é servida convida-nos a tomar consciência da radicalidade e da exigência da missão que Deus nos confia. Não há meios-termos: Deus convida-nos a um compromisso, corajoso e coerente, com a construção do “novo céu” e da “nova terra”. É essa a nossa missão profética.

1ª Leitura: Jer 38, 4-6. 8-10:
A primeira leitura apresenta-nos a figura do profeta Jeremias. O profeta recebe de Deus uma missão que lhe vai trazer o ódio dos chefes e a desconfiança do Povo de Jerusalém: anunciar o fim do reino de Judá. Jeremias vai cumprir a missão que Deus lhe confiou, doa a quem doer. Ele sabe que a missão profética não é um concurso de popularidade, mas um testemunhar, com verdade e coerência, os projectos de Deus.

2ª Leitura: Heb 12, 1-4:
A segunda leitura convida o cristão a correr de forma decidida ao encontro da vida plena – como os atletas que não olham a esforços para chegar à meta e alcançar a vitória. Cristo – que nunca cedeu ao mais fácil ou ao mais agradável, mas enfrentou a morte para realizar o projecto do Pai – deve ser o modelo que o cristão tem à frente e que orienta a sua caminhada.

Evangelho: Lc 12, 49-53:
O Evangelho reflecte sobre a missão de Jesus e as suas implicações. Define a missão de Jesus como um “lançar fogo à terra”, a fim de que desapareçam o egoísmo, a escravidão, o pecado e nasça o mundo novo – o “Reino”. A proposta de Jesus trará, no entanto, divisão, pois é uma proposta exigente e radical, que provocará a oposição de muitos; mas Jesus aceita mesmo enfrentar a morte, para que se realize o plano do Pai e o mundo novo se torne uma realidade palpável.

Para viver durante a semana:
Deus, meu libertador. Com a confiança do salmista, podemos pedir esta semana a Deus para nos ajudar a libertar de tudo aquilo que entrava a nossa liberdade, tudo aquilo que nos impede de ser simplesmente felizes ao longo dos dias… A oração do Salmo 39, retomada todos os dias, pode ser um meio…


quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Jesus, companheiro do caminho

Jesus Cristo dá-se-nos na Eucaristia como Companheiro de caminho. Recordemos aquela passagem dos discípulos de Emaús que iam de Jerusalém para a sua terra, talvez com a convicção de que não tinham já nada que fazer ali. Regressavam à vida de antes, regressavam à sua vida antiga. E, desde logo, um caminhante aproxima-se deles, um caminhante que não queria, que não permitia que o reconhecessem: era Jesus. Começa uma conversa mais ou menos longa, um pouco difícil ao princípio, porque eles próprios dizem: “és tu o único forasteiro que não sabe o que se passou em Jerusalém”. E Ele pergunta: “O que é que se passou?” Depois, explica-lhes com a Bíblia na mão todas as passagens que se referiam a Ele, dando obviamente a esta explicação um calor, uma vitalidade que teve o seu efeito.
Quando chegaram a Emaús, Jesus fez questão de seguir em frente, como que querendo dizer: Se precisam de mim, digam-mo! Então eles disseram: Fica connosco! Convidam-no a cear com ele, e o mais interessante de tudo isto, é que quando estavam a cear, Ele permite que o reconheçam: como que se lhes abrem os olhos, e nesse momento ele desaparece.
A frase na qual me quero deter agora é estas, a que eles disseram: Não nos ardia cá dentro o nosso coração quando ele nos falava no caminho e nos explicava as Escrituras? Isso é o que se passa com os cristãos, com as pessoas que têm fé na Eucaristia, nos que sabem reconhecer que no caminho da sua vida vão sós; Jesus vai com eles: “Eu estarei convosco todos os dias até ao fim do mundo”.
A vida pode ser dura, pode ter muitas lágrimas, muitas amarguras, muito sofrimento, mas é muito distinto sofrer só, do que sofrer com Jesus; é muito diferente caminhar sós pela vida do que caminhar mão na mão com Jesus de Nazaré; a sua presença transforma o próprio sofrimento numa outra coisa distinta. Mas muitas fezes nós empenhamo-nos em caminhar sós pela vida; vivemos uma vida amarga, dura, demasiado difícil, e Jesus poderia dizer-nos: Será que eu não estou aqui? Porque é que não me chamas? Porque é que não acreditas em mim? “Vinde a mim todos vós que andais cansados e oprimidos… e Eu vos aliviarei”.
É necessário chegar a Cristo, a esse companheiro de caminho e dizer-lhe desde o mais íntimo do nosso coração: Tenho uma fome e uma sede incontíveis. Venho cansado de procurar por mil caminhos… Não encontrei, não encontrei paz, nem amor verdadeiro; não encontrei sentido para a vida… longe de ti. E tu disseste que és o caminho, a verdade e a vida. Por isso venho pedir-te esse maravilhoso Pão da Tua Eucaristia, quero comer desse pão para encontrara a paz, a vida verdadeira, o amor e a felicidade autênticos: “Senhor, dá-nos sempre desse pão e acompanha-nos sempre no nosso caminhar”.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Assunção da Virgem Santa Maria:

Celebramos hoje a Assunção de Nossa Senhora, isto é, a sua chegada à plenitude de Deus. Proclamamos o seu triunfo, porque cumpriu o compromisso que assumira diante do Deus que dispersa os soberbos, derruba os poderosos e exalta os humildes.
A Assunção de Maria, tal como o Ascensão de Jesus, é um grande sinal de esperança para todos nós, crentes simples, que confiamos e nos esforçamos, dia após dia, pela salvação total. Ela e o seu cântico de louvor, o Magnificat, são uma inspiração para o nosso caminhar. Por isso, cheios de fé, alegria e esperança demos início à nossa celebração, cantando com alegria.

1ª Leitura: Ap 11, 19ª; 12, 1-6a. 10ab:
Na luta aqui descrita pelo apocalipse, antevê-se a vitória do bem, na qual tem especial relevo, a Mulher, figura de Maria e figura da Igreja, chamada a gerar o Filho na dor. Na visão aqui apresentada, a mulher que vai dar à luz é, em primeiro lugar, a Igreja, que, como Eva no princípio, sofre as dores da maternidade, ao trazer ao mundo o Messias Salvador. Mas Maria é a imagem mais perfeita da Igreja que, depois, de ter sido a Senhora das Dores na sua vida terrena ao lado de Jesus, vive desde já no seu esplendor celeste como Senhora da Glória.

2ª Leitura: 1 Cor 15, 20-27:
A Ressurreição de Cristo é o princípio, a garantia e o fundamento da nossa Ressurreição. Por isso Cristo é o primeiro que ressuscitou de entre os mortos; depois d’Ele todos ressuscitarão, cada qual na sua ordem. A solenidade de hoje celebra Maria como aquela que, depois de Cristo, seu Filho, foi a primeira a participar na vida gloriosa do Ressuscitado.

Evangelho: Lc 1, 39-56:
O Evangelho apresenta um encontro íntimo entre duas mulheres, Maria e Isabel, envoltas no mistério de Deus. É neste contexto que Maria proclama o seu cantar crente. Na visitação, quando leva no seu ventre o Verbo encarnado, de certo modo Ela serve de sacrário – o primeiro sacrário da história –, para o Filho de Deus, que, ainda invisível aos olhos dos homens, Se presta à adoração de Isabel, como que irradiando a sua luz através dos olhos e da voz de Maria.

Para viver durante a semana:
Um tríplice segredo… A meio do verão, eis uma festa para nos fazer parar junto de Maria e receber dela um tríplice segredo: o segredo da fé sem falha tão bem ajustada a Deus (“Eis a serva do Senhor”…); o segredo da sua esperança confiante em Deus (“nada é impossível a Deus”…); o segredo da sua caridade missionária (“Maria pôs-se a caminho apressadamente”…). E nós podemos pedir-lhe para nos acompanhar no caminho das nossas vidas…
Que o exemplo de Maria nos ajude no cumprimento generoso e fiel da vontade de Deus em todos os momentos da nossa vida. O Senhor que fez maravilhas em Nossa Senhora, é o mesmo que em nós quer fazer também grandes coisas. Procuremos por isso, não pôr quaisquer obstáculos à sua acção.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

XIX Domingo do Tempo Comum:

A Palavra de Deus que a liturgia de hoje nos propõe convida-nos à vigilância: o verdadeiro discípulo não vive de braços cruzados, numa existência de comodismo e resignação, mas está sempre atento e disponível para acolher o Senhor, para escutar os seus apelos e para construir o “Reino”.
Estejamos atentos, abramos o nosso coração à Sua Palavra e, meditando-a, façamos dela alimento para cada dia da nossa vida que passa. Comungando a Sua Palavra e comungando o Seu Corpo, partilhamos mais intensamente da Sua Própria vida.
Não deixemos, portanto, que a rotina se apodere de nós, nestas celebrações, em que, semanalmente, no dia consagrado ao Senhor, vimos participando.

1ª Leitura: Sab 18, 6-9:
A primeira leitura apresenta-nos as palavras de um “sábio” anónimo, para quem só a atenção aos valores de Deus gera vida e felicidade. A comunidade israelita – confrontada com um mundo pagão e imoral, que questiona os valores sobre os quais se constrói a comunidade do Povo de Deus – deve, portanto, ser uma comunidade “vigilante”, que consegue discernir entre os valores efémeros e os valores duradouros.

2ª Leitura: Heb 11, 1-2. 8-19:
A segunda leitura apresenta Abraão e Sara, modelos de fé para os crentes de todas as épocas. Atentos aos apelos de Deus, empenhados em responder aos seus desafios, conseguiram descobrir os bens futuros nas limitações e na caducidade da vida presente. É essa atitude que o autor da Carta aos Hebreus recomenda aos crentes, em geral.

Evangelho: Lc 12, 32-48:
O Evangelho apresenta uma catequese sobre a vigilância. Propõe aos discípulos de todas as épocas uma atitude de espera serena e atenta do Senhor, que vem ao nosso encontro para nos libertar e para nos inserir numa dinâmica de comunhão com Deus. O verdadeiro discípulo é aquele que está sempre preparado para acolher os dons de Deus, para responder aos seus apelos e para se empenhar na construção do “Reino”.

Para viver durante a semana:
Incidir sobre os verdadeiros valores… O nosso tesouro terrestre ocupa muitas vezes todas as nossas energias e a nossa vigilância. Acontece o mesmo com o tesouro que somos convidados a constituir em vista do Reino? Se o Mestre viesse hoje, como nos encontraria? Prontos a servir, prontos a acolhê-lo?… A nossa fé, como a de Abraão, é bastante viva para incidir sobre os verdadeiros valores?

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Deixar-me encontrar por Cristo

Cristo percorre os caminhos do mundo. Procura hoje, como o fez à 2000 anos, corações feridos, corações famintos, corações necessitados, corações vazios.
Oferece amor, dá a paz, ressuscita as entregas, provoca a santidade. Limpa, sara, dignifica os homens e as mulheres que não estão tão bem na vida, imersos no pecado, abatidos pela tristeza, marginalizados ou rejeitados por sociedades cheias de egoísmo e vazias de esperança.
Também a mim, também a cada um de nós ele estende uma mão, persegue-me com os seus laços de amor, livra-me de todo o poder do maligno, reveste-me com uma túnica branca e convida-me para o banquete do seu Reino.
Preciso então deixar-me encontrar por Cristo, permitir-lhe que Ele entre na minha vida, deixar-lhe as portas abertas para que possa dizer-me o muito que Ele me ama.
Preciso de o ver, de o sentir desde o mais profundo da minha alma, porque o que o mundo precisa é o amor de Deus, encontrar a Cristo e acreditar nele. Tudo isto porque Cristo não é só um ser humano fascinante… é muito mais do que isso: Deus fez-se homem n’Ele e, portanto, é o único Salvador.
Cristo percorre os caminhos do mundo. Hoje posso abrir os olhos para o descobrir, para sentir o seu olhar amigo e bom. Hoje posso escutar a sua voz serena, profunda, divina, que me repete: Não te condeno… porque vim buscar e salvar o que estava perdido.
Hoje sussurra-me com um carinho eterno que me ama. E, eu desde o mais profundo da minha alma devo responder-lhe com toda a minha força: Vem, Senhor Jesus!

sábado, 2 de junho de 2007

Domingo da Santíssima Trindade:

Terminado o Tempo Pascal, com a celebração no passado domingo da Festa do Pentecostes, somos hoje convidados a debruçarmo-nos sobre o mistério central da nossa fé, o mistério da Santíssima Trindade. A Solenidade que hoje celebrámos não é um convite a decifrar a mistério que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor.

1ª Leitura: Prov 8, 22-31:
A primeira leitura sugere-nos a contemplação do Deus criador. A sua bondade e o seu amor estão inscritos e manifestam-se aos homens na beleza e na harmonia das obras criadas (Jesus Cristo é “sabedoria” de Deus e o grande revelador do amor do Pai).

2ª Leitura: Rom 5, 1-5:
A segunda leitura, convida-nos a contemplar o Deus que nos ama e que, por isso, nos “justifica”, de forma gratuita e incondicional. É através do Filho que os dons de Deus/Pai se derramam sobre nós e nos oferecem a vida em plenitude.

Evangelho: Jo 16, 12-15:
Evangelho convoca-nos, outra vez, para contemplar o amor do Pai, que se manifesta na doação e na entrega do Filho e que continua a acompanhar a nossa caminhada histórica através do Espírito. A meta final desta “história de amor” é a nossa inserção plena na comunhão com o Deus/amor, com o Deus/família, com o Deus/comunidade…

Para viver durante a semana:
Mergulhar no coração do mistério… Uma festa para celebrar a relação de Amor que une o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Um mistério imenso que ultrapassa as nossas concepções humanas e no qual somos convidados a entrar. Durante a próxima semana podemos dedicar um tempo à oração, à contemplação, para nos deixarmos mergulhar no coração deste mistério de Amor da Trindade… e um tempo para recentrar de novo as nossas vidas de baptizados: a vida, o amor, a paz, o serviço… passam livremente através de nós? Ou estamos desgarrados do conjunto?

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Domingo de Pentecostes:

O tema deste domingo é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo. Celebramos assim hoje a festa do Pentecostes, palavra derivada do grego que significa cinquenta, 50 dias depois da Páscoa. Foi realmente neste dia que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos, deu à Igreja nascente a força de continuar na terra a obra de Cristo. Esse Espírito continua a agir na Igreja que somos todos nós. Procuremos então acolhe-lo e peçamos-lhe que nos ajude a viver melhor a nossa fé.

1ª Leitura: Actos 2, 1-11:
Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une, numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.

2ª Leitura: 1 Cor 12, 3b-7.12-13:
Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.

Evangelho: Jo 20, 19-23:
O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas consequências.

Para viver durante a semana:
Lá fora o mundo espera-nos… Hoje as portas abrem-se, os medos transformam-se em audácias, as línguas proclamam as maravilhas de Deus! Que porta temos nós que abrir para sairmos de nós mesmos e irmos ao encontro dos outros, na família, no trabalho, no bairro, na cidade…? Que medo, que timidez somos convidados a ultrapassar para ousar arriscar num serviço social ou eclesial que nos é solicitado? E a quem vamos nós anunciar estas maravilhas de Deus que nos fazem viver?
Este trabalho de escuta do Espírito e de procura de respostas aosŸ desafios actuais só se pode fazer em Igreja. O Pentecostes faz-nos reencontrar o sentido da Igreja… Experimentemos, esta semana, inserir-nos melhor num grupo em que o discernimento do trabalho do Espírito será possível e enriquecedor.

Domingo da Ascensão:

A Solenidade da Ascensão de Jesus que hoje celebramos é um grande símbolo, sugere que, no final de um caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, em comunhão com Deus. Sugere, também, que Jesus nos deixou o testemunho e que somos agora nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projecto libertador de Deus para os homens e para o mundo. Significa que no projecto de Deus não há outro destino nem outro fim, para as pessoas, além daquele que hoje celebramos em Jesus. Ele garante que a nossa esperança não ficará defraudada, por isso, cheios de confiança e alegria, iniciemos a nossa celebração.

1ª Leitura: Actos 1, 1-11:
Na primeira leitura, repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projecto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus – a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo caminho de Jesus. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante, mas têm de ir para o meio dos homens continuar o projecto de Jesus.

2ª Leitura: Ef 1, 17-23:
A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa esperança de mãos dadas com os irmãos – membros do mesmo “corpo” – e em comunhão com Cristo, a “cabeça” desse “corpo”. Cristo reside nesse “corpo”.

Evangelho: Lc 24, 46-53:
O Evangelho apresenta-nos as palavras de despedida de Jesus que definem a missão dos discípulos no mundo. Faz, também, referência à alegria dos discípulos: essa alegria resulta do reconhecimento da presença no mundo do projecto salvador de Deus e resulta do facto de a ascensão de Jesus ter acrescentado à vida dos crentes um novo sentido.

Para viver durante a semana:
Testemunhas de Cristo em 2007. “Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu?” A mesma palavra vem mexer com as nossas inércias e empurra-nos para fora de nós mesmos nos caminhos deste mundo. Este Messias morto e ressuscitado… vós sois suas testemunhas! Medimos o desafio e a força destas palavras? E como tomamos parte na grande rede das testemunhas de Cristo em 2007?