sexta-feira, 31 de agosto de 2007

XXII Domingo do Tempo Comum:

A Liturgia deste domingo fala-nos da humildade. É difícil para nós admitir que a humildade é a atitude própria do homem perante Deus, atitude que não o diminui, mas que o coloca no seu lugar. É, além disso, o estilo mais social e que melhor possibilita a relação do ser humano com os seus semelhantes. Para entender isto, para ser humilde e andar na verdade da nossa própria condição, precisamos de ser pobres de espírito diante de Deus, ou seja, vazios de nós mesmos, para poder ser chamados por Ele, sabendo que tudo na nossa vida é graça e dom, efeito da misericórdia e do amor que Deus nos tem.

1ª Leitura: Sir 3, 19-21. 30-31:
Na primeira leitura, um sábio dos inícios do séc. II a.C. aconselha a humildade como caminho para ser agradável a Deus e aos homens, para ter êxito e ser feliz. É a reiteração da mensagem fundamental que a Palavra de Deus hoje nos apresenta. Basta uma rápida verificação, para nos darmos conta de que tudo aquilo que somos é um presente de Deus. D´Ele provém a vida, a beleza, a força, a inteligência, as qualidades que temos. Nada é nosso, de nada nos podemos vangloriar. É ridículo quem exibe os dons de Deus como se fossem seus. É insensato quem ostenta as qualidades que recebeu para se confrontar e para se impor às outras pessoas. Os dons de Deus foram-nos dados para que deles façamos dom aos irmãos.

2ª Leitura: Heb 12,v 18-19. 22-24a:
A segunda leitura convida os crentes instalados numa fé cómoda e sem grandes exigências, a redescobrir a novidade e a exigência do cristianismo; insiste em que o encontro com Deus é uma experiência de comunhão, de proximidade, de amor de intimidade, que dá sentido à caminhada do cristão. Aparentemente, esta questão não tem muito a ver com o tema principal da liturgia deste domingo; no entanto, podemos ligar a reflexão desta leitura com o tema central da liturgia de hoje – a humildade, a gratuidade, o amor desinteressado – através do tema da exigência: a vida cristã – essa vida que brota do encontro com o amor de Deus – é uma vida que exige de nós determinados valores e atitudes, entre os quais avultam a humildade, a simplicidade, o amor que se faz dom.

Evangelho: Lc 14, 1.7-14:
O Evangelho coloca-nos no ambiente de um banquete em casa de um fariseu. O enquadramento é o pretexto para Jesus falar do “banquete do Reino”. A todos os que quiserem participar desse “banquete”, Ele recomenda a humildade; ao mesmo tempo, denuncia a atitude daqueles que conduzem as suas vidas numa lógica de ambição, de luta pelo poder e pelo reconhecimento, de superioridade em relação aos outros… Jesus sugere, também, que para o “banquete do Reino” todos os homens são convidados; e que a gratuidade e o amor desinteressado devem caracterizar as relações estabelecidas entre todos os participantes do “banquete”.

Para viver durante a semana:
Difícil questão… Com que critérios estabelecemos a lista dos nossos convidados quando preparamos uma refeição festiva? Decididamente, uma vez mais, a lógica de Jesus não é a nossa. Acontece convidarmos à nossa mesa pobres, estropiados, sem-abrigo, crianças perdidas nas ruas… mais que a nossa família, os amigos, as nossas relações de negócios? Difícil questão, que evitamos talvez tomar demasiado a sério. E se nesta semana a deixássemos ressoar um pouco em nós mesmos?…

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Encontrei-Te, Senhor

Encontrei-Te, Senhor,
hoje, no final deste dia,
neste pôr-do-sol.

Já Te tinha encontrado, ao longo do dia,
no sol, no calor, na brisa, nos pássaros,
nos ruídos habituais da minha casa,
da minha cidade a falarem-me do Teu amor por mim…

Já Te tinha encontrado nos irmãos,
no seu olhar e no seu riso,
nas suas palavras e nos seus gestos,
a dizerem-me quanto Tu me amas…

Já Te tinha encontrado
na Palavra que és Tu mesmo,
na Eucaristia que me faz um contigo…

Não pude estar na praia
para ver ESTE pôr-do-sol.
Alguém, ao tirar a fotografia,
lembrou-se de mim e ma enviou…

Encontrei-Te, Senhor,
hoje, no final deste dia, neste pôr-do-sol
e na amizade da pessoa que pensou em mim...

Encontrei-Te, Senhor,
na PAZ e na SERENIDADE
que esta imagem me transmite…

Encontrei-Te, Senhor,
na BELEZA e na HARMONIA das cores,
como só a Tua mão divina as pode pintar…

Encontrei-Te, Senhor,
na CERTEZA de que,
para além das nuvens escuras, está sempre a Tua LUZ…

Encontrei-Te, Senhor,
na ESPERANÇA segura de que,
depois de cada anoitecer, virá uma nova MANHÃ,
um novo NASCER, uma VIDA nova na Tua GRAÇA e LUZ…

Encontrei-Te, Senhor…

terça-feira, 28 de agosto de 2007

As chaves perdidas

Ninguém sabe o que tem, até que o perde. Esta é uma grande verdade, e é uma verdade que se manifesta quando se extraviam, por exemplo, umas chaves. Não nos interessamos por esses pedaços de metal dourado ou prateado, senão até ao dia em que nos damos conta de que as perdemos. Quando as temos, abrimos como que mecanicamente portas, cofres, vitrais, armários, diários, e muitas outras coisas que estimamos.
Dói-nos então perder as chaves, porque sem elas se obstaculiza o nosso acesso a algo que é da nossa propriedade. A chave chegou então a ser um sinal daquilo que encerra. A chave de minha casa, do meu quarto, do meu cofre…
Na antiguidade confiar as chaves era o símbolo de delegar uma autoridade, um sinal de compromisso, uma amostra de confiança, um gesto de responsabilidade. Aquele que recebia as chaves era de máxima confiança, o de maior virtude e fidelidade.
Surgiu então o termo “amo das chaves” (se bem que a sua forma mais empregue era a feminina), para designar o homem que dispunha dos bens da casa segundo o seu prudente juízo, algo assim como o nosso actual administrador. Para se conhecer a importância de um destes sujeitos, bastava deitar o olhar à quantidade de chaves que carregavam e o número de portas que abriam. Muitas chaves, ou chaves grandes: grande responsabilidade.
Que dúvida existe então que o mesmo acontece na amizade. Sem recorrer a forma poéticas muito elaboradas, podemos afirmar com simplicidade que num amigo (essa outra metade da nossa alma), depositámos a chave do nosso coração. Ninguém nos conhece melhor que um amigo, em ninguém se confia mais do que num amigo. Ninguém está mais pronto a escutar-nos e a dar-nos conselho, e por isso o problema que se partilha com um amigo é como que um descanso, como o afirmavam os persas.
Mas nós não só temos amigos: também somos amigos de outras pessoas. Então, que uso damos a esta chave? Alguém confia em nós, como nós confiamos em outras pessoas. Pode custar-nos muito termos perdido uma chave importante. Mas é uma pena muito maior encher-mos de ódio o coração, perdendo uma amizade.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

XXI Domingo do Tempo Comum:

Reunidos para celebrar o Dia do Senhor, lembremos que é Ele quem nos convida, quem nos chama para participarmos no Seu Reino; chama-nos à felicidade da salvação que nos oferece gratuitamente.
Todos nós somos convidados para esta festa que é viver, ainda na terra, a alegria do Reino de Deus. Mas a salvação é também tarefa nossa. Ser convidado não significa estar presente na festa, é preciso responder ao convite, com um sinal pessoal, decidido, sem condição nem reservas. O sim do nosso esforço, da nossa conversão e da renúncia ao mal e ao pecado. A liturgia deste domingo propõe-nos o tema da “salvação”. Diz-nos que o acesso ao “Reino” – à vida plena, à felicidade total (“salvação”) – é um dom que Deus oferece a todos os homens e mulheres, sem excepção; mas, para lá chegar, é preciso renunciar a uma vida baseada nesses valores que nos tornam orgulhosos, egoístas, prepotentes, auto-suficientes, e seguir Jesus no seu caminho de amor, de entrega, de dom da vida.
Aproveitemos este momento da nossa celebração para renovar este sim ao Pai que nunca deixa de nos acolher e de nos amar.

1ª Leitura: Is 66, 18-21:
Na primeira leitura, um profeta não identificado propõe-nos a visão da comunidade escatológica: será uma comunidade universal, à qual terão acesso todos os povos da terra, sem excepção. Os próprios pagãos serão chamados a testemunhar a Boa Nova de Deus e serão convidados para o serviço de Deus, sem qualquer discriminação baseada na raça, na etnia ou na origem.

2ª Leitura: Heb 12, 5-7.11-13:
A segunda leitura parece, à primeira vista, apresentar um tema um tanto deslocado e marginal, em relação ao que nos é proposto pelas outras duas leituras; no entanto, as ideias propostas são uma outra forma de abordar a questão da “porta estreita”: o verdadeiro crente enfrenta com coragem os sofrimentos e provações, vê neles sinais do amor de Deus que, dessa forma, educa, corrige, mostra o sem sentido de certas opções e nos prepara para a vida nova do “Reino”.

Evangelho: Lc 13, 22-30:
No Evangelho, Jesus – confrontado com uma pergunta acerca do número dos que se salvam – sugere que o banquete do “Reino” é para todos; no entanto, não há entradas garantidas, nem bilhetes reservados: é preciso fazer uma opção pela “porta estreita” e aceitar seguir Jesus no dom da vida e no amor total aos irmãos.

Para viver durante a semana:
Tomar o Evangelho a sério… Corrida ao poder, às situações de privilégio, às relações de prestígio, às melhores aplicações bancárias, aos primeiros lugares de todos os géneros… Estamos muito ocupados para conseguir os nossos negócios aqui na terra.E eis uma página do Evangelho que vem alterar tudo. Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros. Forte convite a tomar o Evangelho a sério e conformar com ele as nossas vidas… antes que a porta do Reino se feche!

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

XX Domingo do Tempo Comum:


Mais uma vez nos reunimos em união fraterna na presença de Deus que não deixa nunca de estar na nossa companhia. E, mais uma vez, a mensagem dominical vai fortalecer a nossa condição de cristãos. No seguimento de Jesus não existem férias. Deus quer que estejamos sempre atentos e em luta constante contra tudo o que pode despersonalizar-mos. Não é autêntica a fé que nos faz adormecer, mas só aquela que nos dinamiza e nos questiona até fazer-nos optar, como nos indicará o evangelho.
Assim, a Palavra de Deus que hoje nos é servida convida-nos a tomar consciência da radicalidade e da exigência da missão que Deus nos confia. Não há meios-termos: Deus convida-nos a um compromisso, corajoso e coerente, com a construção do “novo céu” e da “nova terra”. É essa a nossa missão profética.

1ª Leitura: Jer 38, 4-6. 8-10:
A primeira leitura apresenta-nos a figura do profeta Jeremias. O profeta recebe de Deus uma missão que lhe vai trazer o ódio dos chefes e a desconfiança do Povo de Jerusalém: anunciar o fim do reino de Judá. Jeremias vai cumprir a missão que Deus lhe confiou, doa a quem doer. Ele sabe que a missão profética não é um concurso de popularidade, mas um testemunhar, com verdade e coerência, os projectos de Deus.

2ª Leitura: Heb 12, 1-4:
A segunda leitura convida o cristão a correr de forma decidida ao encontro da vida plena – como os atletas que não olham a esforços para chegar à meta e alcançar a vitória. Cristo – que nunca cedeu ao mais fácil ou ao mais agradável, mas enfrentou a morte para realizar o projecto do Pai – deve ser o modelo que o cristão tem à frente e que orienta a sua caminhada.

Evangelho: Lc 12, 49-53:
O Evangelho reflecte sobre a missão de Jesus e as suas implicações. Define a missão de Jesus como um “lançar fogo à terra”, a fim de que desapareçam o egoísmo, a escravidão, o pecado e nasça o mundo novo – o “Reino”. A proposta de Jesus trará, no entanto, divisão, pois é uma proposta exigente e radical, que provocará a oposição de muitos; mas Jesus aceita mesmo enfrentar a morte, para que se realize o plano do Pai e o mundo novo se torne uma realidade palpável.

Para viver durante a semana:
Deus, meu libertador. Com a confiança do salmista, podemos pedir esta semana a Deus para nos ajudar a libertar de tudo aquilo que entrava a nossa liberdade, tudo aquilo que nos impede de ser simplesmente felizes ao longo dos dias… A oração do Salmo 39, retomada todos os dias, pode ser um meio…


quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Jesus, companheiro do caminho

Jesus Cristo dá-se-nos na Eucaristia como Companheiro de caminho. Recordemos aquela passagem dos discípulos de Emaús que iam de Jerusalém para a sua terra, talvez com a convicção de que não tinham já nada que fazer ali. Regressavam à vida de antes, regressavam à sua vida antiga. E, desde logo, um caminhante aproxima-se deles, um caminhante que não queria, que não permitia que o reconhecessem: era Jesus. Começa uma conversa mais ou menos longa, um pouco difícil ao princípio, porque eles próprios dizem: “és tu o único forasteiro que não sabe o que se passou em Jerusalém”. E Ele pergunta: “O que é que se passou?” Depois, explica-lhes com a Bíblia na mão todas as passagens que se referiam a Ele, dando obviamente a esta explicação um calor, uma vitalidade que teve o seu efeito.
Quando chegaram a Emaús, Jesus fez questão de seguir em frente, como que querendo dizer: Se precisam de mim, digam-mo! Então eles disseram: Fica connosco! Convidam-no a cear com ele, e o mais interessante de tudo isto, é que quando estavam a cear, Ele permite que o reconheçam: como que se lhes abrem os olhos, e nesse momento ele desaparece.
A frase na qual me quero deter agora é estas, a que eles disseram: Não nos ardia cá dentro o nosso coração quando ele nos falava no caminho e nos explicava as Escrituras? Isso é o que se passa com os cristãos, com as pessoas que têm fé na Eucaristia, nos que sabem reconhecer que no caminho da sua vida vão sós; Jesus vai com eles: “Eu estarei convosco todos os dias até ao fim do mundo”.
A vida pode ser dura, pode ter muitas lágrimas, muitas amarguras, muito sofrimento, mas é muito distinto sofrer só, do que sofrer com Jesus; é muito diferente caminhar sós pela vida do que caminhar mão na mão com Jesus de Nazaré; a sua presença transforma o próprio sofrimento numa outra coisa distinta. Mas muitas fezes nós empenhamo-nos em caminhar sós pela vida; vivemos uma vida amarga, dura, demasiado difícil, e Jesus poderia dizer-nos: Será que eu não estou aqui? Porque é que não me chamas? Porque é que não acreditas em mim? “Vinde a mim todos vós que andais cansados e oprimidos… e Eu vos aliviarei”.
É necessário chegar a Cristo, a esse companheiro de caminho e dizer-lhe desde o mais íntimo do nosso coração: Tenho uma fome e uma sede incontíveis. Venho cansado de procurar por mil caminhos… Não encontrei, não encontrei paz, nem amor verdadeiro; não encontrei sentido para a vida… longe de ti. E tu disseste que és o caminho, a verdade e a vida. Por isso venho pedir-te esse maravilhoso Pão da Tua Eucaristia, quero comer desse pão para encontrara a paz, a vida verdadeira, o amor e a felicidade autênticos: “Senhor, dá-nos sempre desse pão e acompanha-nos sempre no nosso caminhar”.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Assunção da Virgem Santa Maria:

Celebramos hoje a Assunção de Nossa Senhora, isto é, a sua chegada à plenitude de Deus. Proclamamos o seu triunfo, porque cumpriu o compromisso que assumira diante do Deus que dispersa os soberbos, derruba os poderosos e exalta os humildes.
A Assunção de Maria, tal como o Ascensão de Jesus, é um grande sinal de esperança para todos nós, crentes simples, que confiamos e nos esforçamos, dia após dia, pela salvação total. Ela e o seu cântico de louvor, o Magnificat, são uma inspiração para o nosso caminhar. Por isso, cheios de fé, alegria e esperança demos início à nossa celebração, cantando com alegria.

1ª Leitura: Ap 11, 19ª; 12, 1-6a. 10ab:
Na luta aqui descrita pelo apocalipse, antevê-se a vitória do bem, na qual tem especial relevo, a Mulher, figura de Maria e figura da Igreja, chamada a gerar o Filho na dor. Na visão aqui apresentada, a mulher que vai dar à luz é, em primeiro lugar, a Igreja, que, como Eva no princípio, sofre as dores da maternidade, ao trazer ao mundo o Messias Salvador. Mas Maria é a imagem mais perfeita da Igreja que, depois, de ter sido a Senhora das Dores na sua vida terrena ao lado de Jesus, vive desde já no seu esplendor celeste como Senhora da Glória.

2ª Leitura: 1 Cor 15, 20-27:
A Ressurreição de Cristo é o princípio, a garantia e o fundamento da nossa Ressurreição. Por isso Cristo é o primeiro que ressuscitou de entre os mortos; depois d’Ele todos ressuscitarão, cada qual na sua ordem. A solenidade de hoje celebra Maria como aquela que, depois de Cristo, seu Filho, foi a primeira a participar na vida gloriosa do Ressuscitado.

Evangelho: Lc 1, 39-56:
O Evangelho apresenta um encontro íntimo entre duas mulheres, Maria e Isabel, envoltas no mistério de Deus. É neste contexto que Maria proclama o seu cantar crente. Na visitação, quando leva no seu ventre o Verbo encarnado, de certo modo Ela serve de sacrário – o primeiro sacrário da história –, para o Filho de Deus, que, ainda invisível aos olhos dos homens, Se presta à adoração de Isabel, como que irradiando a sua luz através dos olhos e da voz de Maria.

Para viver durante a semana:
Um tríplice segredo… A meio do verão, eis uma festa para nos fazer parar junto de Maria e receber dela um tríplice segredo: o segredo da fé sem falha tão bem ajustada a Deus (“Eis a serva do Senhor”…); o segredo da sua esperança confiante em Deus (“nada é impossível a Deus”…); o segredo da sua caridade missionária (“Maria pôs-se a caminho apressadamente”…). E nós podemos pedir-lhe para nos acompanhar no caminho das nossas vidas…
Que o exemplo de Maria nos ajude no cumprimento generoso e fiel da vontade de Deus em todos os momentos da nossa vida. O Senhor que fez maravilhas em Nossa Senhora, é o mesmo que em nós quer fazer também grandes coisas. Procuremos por isso, não pôr quaisquer obstáculos à sua acção.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

XIX Domingo do Tempo Comum:

A Palavra de Deus que a liturgia de hoje nos propõe convida-nos à vigilância: o verdadeiro discípulo não vive de braços cruzados, numa existência de comodismo e resignação, mas está sempre atento e disponível para acolher o Senhor, para escutar os seus apelos e para construir o “Reino”.
Estejamos atentos, abramos o nosso coração à Sua Palavra e, meditando-a, façamos dela alimento para cada dia da nossa vida que passa. Comungando a Sua Palavra e comungando o Seu Corpo, partilhamos mais intensamente da Sua Própria vida.
Não deixemos, portanto, que a rotina se apodere de nós, nestas celebrações, em que, semanalmente, no dia consagrado ao Senhor, vimos participando.

1ª Leitura: Sab 18, 6-9:
A primeira leitura apresenta-nos as palavras de um “sábio” anónimo, para quem só a atenção aos valores de Deus gera vida e felicidade. A comunidade israelita – confrontada com um mundo pagão e imoral, que questiona os valores sobre os quais se constrói a comunidade do Povo de Deus – deve, portanto, ser uma comunidade “vigilante”, que consegue discernir entre os valores efémeros e os valores duradouros.

2ª Leitura: Heb 11, 1-2. 8-19:
A segunda leitura apresenta Abraão e Sara, modelos de fé para os crentes de todas as épocas. Atentos aos apelos de Deus, empenhados em responder aos seus desafios, conseguiram descobrir os bens futuros nas limitações e na caducidade da vida presente. É essa atitude que o autor da Carta aos Hebreus recomenda aos crentes, em geral.

Evangelho: Lc 12, 32-48:
O Evangelho apresenta uma catequese sobre a vigilância. Propõe aos discípulos de todas as épocas uma atitude de espera serena e atenta do Senhor, que vem ao nosso encontro para nos libertar e para nos inserir numa dinâmica de comunhão com Deus. O verdadeiro discípulo é aquele que está sempre preparado para acolher os dons de Deus, para responder aos seus apelos e para se empenhar na construção do “Reino”.

Para viver durante a semana:
Incidir sobre os verdadeiros valores… O nosso tesouro terrestre ocupa muitas vezes todas as nossas energias e a nossa vigilância. Acontece o mesmo com o tesouro que somos convidados a constituir em vista do Reino? Se o Mestre viesse hoje, como nos encontraria? Prontos a servir, prontos a acolhê-lo?… A nossa fé, como a de Abraão, é bastante viva para incidir sobre os verdadeiros valores?

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Deixar-me encontrar por Cristo

Cristo percorre os caminhos do mundo. Procura hoje, como o fez à 2000 anos, corações feridos, corações famintos, corações necessitados, corações vazios.
Oferece amor, dá a paz, ressuscita as entregas, provoca a santidade. Limpa, sara, dignifica os homens e as mulheres que não estão tão bem na vida, imersos no pecado, abatidos pela tristeza, marginalizados ou rejeitados por sociedades cheias de egoísmo e vazias de esperança.
Também a mim, também a cada um de nós ele estende uma mão, persegue-me com os seus laços de amor, livra-me de todo o poder do maligno, reveste-me com uma túnica branca e convida-me para o banquete do seu Reino.
Preciso então deixar-me encontrar por Cristo, permitir-lhe que Ele entre na minha vida, deixar-lhe as portas abertas para que possa dizer-me o muito que Ele me ama.
Preciso de o ver, de o sentir desde o mais profundo da minha alma, porque o que o mundo precisa é o amor de Deus, encontrar a Cristo e acreditar nele. Tudo isto porque Cristo não é só um ser humano fascinante… é muito mais do que isso: Deus fez-se homem n’Ele e, portanto, é o único Salvador.
Cristo percorre os caminhos do mundo. Hoje posso abrir os olhos para o descobrir, para sentir o seu olhar amigo e bom. Hoje posso escutar a sua voz serena, profunda, divina, que me repete: Não te condeno… porque vim buscar e salvar o que estava perdido.
Hoje sussurra-me com um carinho eterno que me ama. E, eu desde o mais profundo da minha alma devo responder-lhe com toda a minha força: Vem, Senhor Jesus!